Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Problemas para António Costa em Bruxelas

01 jul, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Sendo agora mais provável que Trump regresse à Casa Branca em janeiro próximo, os europeus poderão ficar sem a proteção militar dos EUA. O que implica para a UE um redobrado esforço de defesa. O primeiro-ministro da Hungria não irá facilitar esse esforço. Será um dos problemas que A. Costa irá enfrentar no seu novo cargo europeu.

Horas depois de António Costa ter sido eleito presidente do Conselho Europeu, do outro lado do Atlântico Trump ganhou o debate com Biden. O que terá uma coisa a ver com a outra? Se, como agora parece provável, Trump regressar à Casa Branca em janeiro, esse vai ser um dos problemas que A. Costa, no seu cargo europeu, terá que enfrentar.

Desde há muito que Trump anuncia que porá fim à guerra na Ucrânia. Como? É muito simples e também trágico – deixando de apoiar os ucranianos, que assim serão derrotados pela Rússia invasora. O isolacionismo de Trump colocará um sério desafio à UE no que respeita à defesa.

Sem a proteção militar americana os europeus ficarão à mercê do imperialismo russo, a menos que façam um grande esforço para promoverem a sua segurança. Esse esforço não será facilitado pelo líder de um Estado membro da UE, o primeiro ministro da Hungria, V. Orbán.

Para todos os efeitos práticos, Orbán é um aliado de Putin. Antes da eleição de A. Costa para presidir ao Conselho Europeu, Orban considerou “vergonhoso” o acordo dos líderes europeus para os cargos de topo da UE. Depois votou em A. Costa.

Ora A. Costa afirmou que assume o cargo com "enorme sentido de missão", empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-membros e a Agenda Estratégica para os próximos cinco anos.

Acontece que hoje, 1 de julho, a Hungria inicia a sua presidência rotativa, semestral, da UE. V. Orbán multiplicará as suas tentativas para atacar a Comissão Europeia e a própria União. Ele considera a UE uma “ocupante imperialista”, comparável aos ocupantes imperiais que dominaram a Hungria ao longo da história.

A Hungria tem uma democracia iliberal, como o próprio Orbán proclama. Mas o regime é cada vez mais uma autocracia, que de democracia tem pouco. Por isso a Comissão Europeia bloqueou 19 mil milhões de euros de transferências para a Hungria.

O novo presidente do Conselho Europeu vai ter que lembrar a V. Orbán que a União assenta “nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, do Estado de direito e do respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias”, como se lê no art.º 2.º do Tratado da União Europeia.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.