15 jul, 2024
Reunidos em Washington, os países da NATO criticaram a iniciativa de Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria, de visitar a Rússia e a China, iniciativa que consideraram inaceitável. Orbán argumenta que só ele está ao mesmo tempo próximo da UE, por um lado, e também da Rússia e da China. De regresso aos EUA, Orbán encontrou-se com Trump na Florida.
Ora a Rússia agride a Ucrânia com a invasão militar iniciada em 24 de fevereiro de 2022, enquanto a China fornece à Rússia bens e componentes que permitem a produção de bombas e mísseis. Orbán auto proclama-se medianeiro nas relações com russos e chineses, mas ninguém na UE lhe conferiu semelhante encargo.
Desde o início deste mês de julho que a Hungria tem a presidência semestral e rotativa da UE. O lema para essa presidência é “tornar a Europa grande de novo” – uma imitação do lema de Trump “make America great again (MAGA)”. V. Orbán procura desfazer a unidade da Europa comunitária, o que agrada à Rússia e à China.
No Parlamento Europeu Orbán promoveu um novo grupo parlamentar, os “Patriotas pela Europa”, do qual faz parte o partido português Chega. É um grupo que se intitula nacionalista. Mas qual será o nacionalismo da Liga de Salvini, que integra também esse grupo, Liga que até há anos tinha como principal bandeira desligar-se do Sul de Itália, menos desenvolvido do que o Norte e por isso a Liga de Salvini se chamava até há pouco Liga do Norte? Estranho nacionalismo...
O Tribunal de Justiça da UE condenou há dias a Hungria a pagar uma multa de 200 milhões de euros e uma sanção de um milhão de euros por cada dia de atraso por incumprimento da política europeia de asilo.
O Tribunal considerou que a Hungria "contornou deliberadamente a aplicação de uma política comum" da UE - no caso, de acolhimento de requerentes de proteção internacional - o que "constitui uma violação inédita e excecionalmente grave do direito da União".
O acórdão sublinha que a Hungria evita deliberadamente aplicar a política comum da União, "o que constitui uma ameaça importante para a unidade do direito da União" e, por outro lado, “afeta gravemente o princípio da solidariedade e da partilha equitativa de responsabilidades entre os Estados-membros".
Ou seja, V. Orbán está cada vez mais a esticar a corda. Veremos se e quando a corda irá partir.