31 jul, 2024
Na semana passada a Imprensa internacional referiu-se às eleições na Venezuela, dando eco às esperanças de muitos venezuelanos (incluindo vários de origem portuguesa) de que essas eleições trouxessem o país para a liberdade democrática. Desde 1999, quando Hugo Chavez chegou ao poder, passando por Nicolás Maduro, o atual presidente e que em 2013 sucedeu a Chavez, que este país vive praticamente em ditadura, sob dirigentes populistas.
Nas vésperas da votação de domingo soube-se que as autoridades da Venezuela não deixaram entrar no país estrangeiros que pretendiam seguir as eleições. O que foi sentido como um indício que essas eleições não fossem, afinal, livres nem justas. Mas o otimismo parecia inabalável.
Até que, na noite do passado domingo, foi dada a vitória nas urnas a Nicolás Maduro, embora por uma pequena margem: 51,2%. A oposição protestou com indignação, lembrando que as sondagens, incluindo as realizadas à boca das urnas, davam uma larga vantagem ao seu candidato Edmundo Gonzalez. Nada feito.
Entre os raros países que felicitaram Maduro pela sua “reeleição”, contam-se a Rússia, a China e o Irão – países que não são conhecidos pelo seu amor à liberdade democrática. Entre nós o Partido Comunista Português saudou a pretensa reeleição de Nicolás Maduro; é conveniente que se saiba o tipo de regime que os comunistas portugueses apreciam.
A situação da Venezuela é dramática. Uma brutal crise económica e a falta de liberdade levaram cerca de um quarto dos venezuelanos a emigrar.
A população das principais cidades do país veio para a rua protestar contra a presumível fraude eleitoral. Há centenas de presos, incluindo figuras da oposição. Mas as forças armadas da Venezuela, que poderiam revoltar-se com o que se passou nestas eleições, não consta que tenham criticado Maduro e o seu regime. Esperemos por dias melhores.
A maneira como Nicolás Maduro se tornou Presidente da Venezuela não augura nada de bom. Em 2013 Maduro foi eleito com 50,6% dos votos contra 49,12% de seu opositor (números oficiais, muito diferentes dos apresentados pela oposição). O candidato derrotado, Henrique Capriles, contestou o resultado, lançando suspeitas de fraude e exigindo uma recontagem total dos votos, enquanto os seus apoiantes se manifestavam nas ruas, chorando e batendo em panelas, em sinal de protesto. No dia 19 de abril de 2013 Maduro foi empossado na Assembleia Nacional Venezuelana.
Francisco Sarsfield Cabral