28 ago, 2024
Como a Renascença noticiou, realizou-se nos EUA, em Jackson Hole, uma reunião de banqueiros centrais, do tipo daquela que acontece todos os anos em Sintra. Nessa reunião, pessoas ligadas ao Banco Central Europeu (BCE) e à Reserva Federal (Fed) não deixaram lugar a grandes dúvidas: em setembro deverão descer os juros diretores de ambos os bancos centrais.
Para os portugueses que estão endividados pela compra de casa a baixa dos juros é cada vez mais importante. Acontece que há dois anos o capital amortizado representava 83% da prestação total, agora são os juros que representam a maior fatia da prestação (60% em média no mês de junho), atrasando a amortização do crédito.
Note-se que a Fed ainda não baixou os seus juros, ao contrário do BCE que os baixou em junho. Enquanto a Fed deve estatutariamente atender à evolução dos preços e do emprego, o BCE tem como obrigação legal apenas manter a estabilidade dos preços.
Mas o BCE não ignora que o crescimento económico se encontra algo anémico na zona euro, sobretudo na Alemanha. Por isso, e apesar de o economista chefe do BCE ter alertado no passado fim de semana para que a inflação não está ainda totalmente dominada, é alta a probabilidade de a reunião de 12 de setembro do BCE trazer uma nova descida dos juros, talvez um corte de 0,25%.
Acresce que, apesar de se ter agravado a situação no Médio Oriente, o preço do petróleo não tem estado a subir com força. Em abril alguns previam que o barril de brent poderia ultrapassar os 100 dólares. Ora ele tem andado em torno de 80 e poucos dólares – o petróleo não é, pelo menos para já, um fator de inflação.
Foram as pessoas ligadas à Fed as mais afirmativas em Jackson Hole quanto à descida dos juros. É provável que tenha pesado o susto nos mercados bolsistas em 2 de agosto; nessa altura, a Fed foi criticada por ainda não ter iniciado a descida dos seus juros. A reunião da Fed acontecerá em 17 e 18 de setembro, dias depois da reunião do BCE.