27 nov, 2024
Em junho de 2019 foi assinado um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Pelo Mercosul assinaram os quatro membros fundadores do bloco sul-americano, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Foi um acordo histórico, mas que não parece capaz de entrar em vigor.
À margem da recente cimeira do G20, realizada no Rio de Janeiro, a Comissária Europeia Ursula von Der Leyen terá comunicado ao Presidente brasileiro Lula da Silva a concordância da UE com as perspetivas de exportação, livre de direitos, do Mercosul para a UE de carne, açúcar, arroz e outros bens alimentares.
Nesse mesmo dia o Presidente francês, Macron, afirmou a discordância da França quanto a essa abertura comercial. Seguiram-se, há dias, os agricultores franceses a oporem-se a tal abertura às importações agrícolas.
Os agricultores franceses estão de novo em pé de guerra, sendo que um dos problemas que invocam é a invasão do mercado europeu por produtos latino-americanos mais baratos do que os produtos europeus e sujeitos a normas sanitárias e ambientais menos pesadas do que as regras europeias.
A política agrícola comum, marcadamente protecionista, foi inicialmente pensada como uma compensação à França pela abertura, no quadro do mercado europeu, às exportações industriais da Alemanha. Mas agora é a economia alemã que perde capacidade competitiva na área industrial.
O facto de, nesta altura, a França e a Alemanha atravessarem sérias crises políticas não facilita soluções de comércio livre na UE. Teremos de esperar por melhores dias.