06 dez, 2024 • Francisco Sarsfield Cabral
Após as compreensíveis reações de indignação pelo perdão de J. Biden ao seu filho Hunter, começam a ficar clara as dimensões dos prejuízos políticos e éticos decorrentes desta infeliz decisão do ainda presidente dos EUA.
Por diversas vezes tinha assegurado J. Biden que não iria interferir nas duas acusações contra o seu filho. Tais acusações tinham a ver, uma, com a posse ilegal de uma arma, e, outra, com evasão fiscal.
O perdão destes alegados crimes de Hunter Biden leva ao desprestígio dos políticos nos Estados Unidos. “Afinal, são todos iguais”, é o lamento do americano médio.
E fica abalada a capacidade de crítica política às excentricidades de Trump. Por exemplo, a crítica à sua nomeação para responsável pela Saúde de um negacionista do valor das vacinas (um transviado da família Kennedy), ou a crítica à nomeação para lidar com o Ambiente de um personagem que nega as alterações climáticas.
Tornou-se agora praticamente certo que Trump irá anular as acusações deduzidas contra dezenas de apoiantes seus, que em 6 de Janeiro de 2021 tentaram impedir a tomada de posse da eleita administração democrata. Esta invasão ficou na história dos EUA como a mais grave tentativa de impedir o regular funcionamento das instituições do país.
Estamos, portanto, perante um sério abalo nos valores da vida política americana. Dir-se-ia que abalos destes seriam uma lamentável característica de um qualquer país subdesenvolvido.