11 dez, 2024
Na semana passada a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou, em Montevideo, um ambicioso acordo de cooperação política e de liberalização comercial entre os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e os 37 países da União Europeia (UE). Foram 25 anos de negociações para chegar a um acordo que prevê a liberalização quase total das trocas comerciais entre os parceiros europeus e sul-americanos, no valor de mais de 45 mil milhões de euros anuais.
Mas não é o fim desta história. Falta obter a ratificação dos países envolvidos, bem como a do Parlamento Europeu. No final de Janeiro os agricultores franceses manifestaram-se contra o acordo em negociação. Apesar de a França se encontrar agora praticamente sem governo, já de Paris vieram indicações de ceticismo quanto às hipóteses de ratificação deste acordo “histórico”. Também a Itália se mostra insatisfeita com o acordo alcançado. E países como a Áustria, a Irlanda, os Países Baixos e a Polónia estão inclinados a não ratificarem o acordo obtido.
Independentemente de eventuais mudanças que possam vir a melhorar o acordo, a sua ratificação seria um passo em frente dado pela UE numa fase onde predominam os protecionismos de vistas curtas. E a UE precisa de se afirmar no mundo, numa altura em que os Estados Unidos, com Trump, não só ameaçam os europeus com subidas de direitos aduaneiros como tencionam retirar os europeus da segurança americana.
Naturalmente que as situações políticas em Paris e em Berlim travam a afirmação da integração europeia, numa altura em que tal afirmação é mais necessária. Os países europeus da UE não podem encarar de ânimo leve que Putin e o seu amigo Trump decidam liquidar a Ucrânia.
Não são apenas os atrasos estruturais da economia europeia face à China e aos Estados Unidos, que Draghi apontou, a incitarem os europeus a mudarem de vida. Há, também, problemas urgentes e dramáticos que os políticos da UE tardam a enfrentar.