13 dez, 2024
Em apenas 12 dias os opositores de Bashar al-Assad puseram fim a uma sangrenta ditadura de cerca de meio século na Síria. Os grandes protetores do regime de Bashar al-Assad desta vez não se mexeram, por isso o tirano acolheu-se a um exílio em Moscovo.
A Rússia, um desses protetores, está mais preocupada com a invasão da Ucrânia que ela própria desencadeou. O Irão e os movimentos terroristas Hamas e Hezbollah patrocinados pelo Irão estão enfraquecidos pelos ataques de Israel. Para a Rússia e para o Irão o que se passou recentemente na Síria foi uma clara derrota.
Aliás, nem propriamente guerra civil aconteceu agora: os soldados teoricamente fiéis ao ditador recusaram-se a combater. O grupo que terá liderado o derrube do regime sírio é considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela ONU, devido a anteriores ligações à Al Qaeda (Estado Islâmico).
Mas nem tudo se passou sem violência. Houve assaltos a embaixadas, nomeadamente à embaixada do Irão em Teerão e o palácio presidencial foi alvo de um saque.
O problema da Síria é não ter uma população homogénea nem um governo central efetivo. Multiplicam-se as divisões sectárias, divisões religiosas, étnicas, tribais e políticas.
Por isso a Síria tem estado sujeita a frequentes intervenções de Estados vizinhos, como a Turquia e Israel. Já depois da queda do regime ditatorial, as forças armadas israelitas têm destruído armas e munições na Síria. E a Turquia começou a perseguir os curdos sírios, que foram apoiados pelos Estado Unidos e desempenharam um papel importante na luta contra o Estado Islâmico.
Pensar que a Síria, agora livre de um ditador, poderá evoluir para uma democracia parece irrealista. Já não seria mau que fossem evitadas guerras civis e, como disse Antony Blinken, secretário de Estado (ministro dos Negócios Estrangeiros) dos EUA, fosse o Estado Islâmico impedido de se reconstruir na Síria.