18 dez, 2024
O Partido Comunista Português (PCP) realizou o seu XXII congresso. Nesse congresso foram alvo de violentas críticas outros partidos portugueses, sobretudo o PS, bem como a União Europeia, a NATO e, acima de tudo, os Estados Unidos. Não é de estranhar, pois o PCP é marxista-leninista, por isso não gosta do que chama a “democracia burguesa”. E é anticapitalista. Países que o PCP admira são Cuba ou a Venezuela.
A maior parte dos partidos comunistas na Europa deixou de existir ou de ter relevância no espaço público. Os comunistas carregam hoje com o peso do colapso da União Soviética, que fez compreender a muita gente que a “ditadura do proletariado” era sobretudo a ditadura do aparelho burocrático dos comunistas russos.
A ideologia marxista-leninista do PCP leva-o a ver manobras do “grande capital” um pouco por toda a parte e a favorecer as pequenas empresas, onde as dificuldades de relacionamento dos trabalhadores com os patrões são muitas vezes mais graves do que nas chamadas grandes empresas.
O PCP deixou de ser telecomandado a partir de Moscovo, o que o tornou mais aceitável em Portugal. Aliás, a má imagem do comunismo soviético não ajudou PCP.
Há quase 50 anos, quando do 25 de Novembro, foi defendido que o partido comunista não deveria ser ilegalizado. Porquê? Porque se entendeu que o PCP tinha dado uma importante contribuição na luta contra o regime derrubado no 25 de Abril. E porque o PCP age frequentemente tendo em vista a situação dos menos favorecidos na sociedade, embora os seus métodos sejam discutíveis. Mas o PCP perdeu há muito a batalha pela unicidade sindical, que lhe daria um quase monopólio antidemocrático na área do sindicalismo.
O PCP presta muita atenção à “correlação de forças” no espaço público; por isso é um partido que não obedece a modas nem a impulsos mediáticos. Digamos que o PCP está há vários anos a perder adeptos, mas procura sobreviver numa democracia de que ele não gosta.