20 dez, 2024
Um pouco por toda a parte, o setor automóvel atravessa uma crise. Uma crise previsível, por causa da transição de veículos com motor de combustão para veículos elétricos. Sabe-se que os carros movidos a eletricidade requerem, na produção e na manutenção, 30% a 40% menos mão de obra do que os carros com motor de combustão.
Em Portugal há cinco anos a Associação Portuguesa de Fabricantes para a Indústria Automóvel alertava para que a transição para a mobilidade elétrica e a digitalização poderia custar milhares de postos de trabalho.
Em 2024 as exportações de componentes terão baixado cerca de 4%. E calcula-se que 98% dos carros em circulação na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal, o que explica boa parte das dificuldades sentidas no nosso país por causa do previsto fecho de fábricas no setor automóvel na Alemanha, em Itália e em França.
Os trabalhadores reclamam a sua requalificação para lidarem com veículos elétricos. É uma proposta sensata, mas não parece suscetível de resolver inteiramente o problema, pois, porque como atrás se refere, o fabrico e a manutenção (vulgo, a “oficina”) de carros movidos a eletricidade exige menos mão de obra do que a requerida pelos carros com motor de combustão.
Ou seja, uma parte dos trabalhadores que até aqui trabalhavam com veículos a combustão terá, mais tarde ou mais cedo, de procurar novo emprego fora do setor automóvel. Não será uma situação fácil, mas não é nenhuma novidade imprevista.