23 dez, 2024
Há dias, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou-se favorável a que o Canadá fosse o 51º estado dos EUA. Os canadianos não acharam graça a esta extraordinária saída de Trump.
Mas Trump disse outras coisas, para além dessa piada de mau gosto (sobretudo da parte de quem irá de novo ocupar a Casa Branca). Afirmou ele que irá levantar processos contra órgãos de informação, para “endireitar” uma Imprensa que Trump considera “muito corrupta, quase tão corrupta como as nossas eleições". Para ele, os jornalistas são “inimigos do povo”.
Trump poderia referir os graves problemas que os órgãos de comunicação social enfrentam nos EUA e na maior parte do mundo (incluindo em Portugal). Mas pouco importam a Trump as dificuldades deste conhecido pilar de uma democracia. Aquilo que o preocupa é que os jornalistas o critiquem e apontem os seus erros.
Na altura, Trump recordou casos judiciais que apresentou contra “media” e jornalistas, como a CBS News, Bob Woodward e o Comité dos Prémios Pulitzer. Os “media”, afirmou, “são muito desonestos, precisamos de grandes meios de informação, que sejam justos, e também precisamos de fronteiras, muros e eleições justas”. Eleições justas, para Trump, são aquelas que ele ganha; as outras, como a anterior eleição presidencial, que ele perdeu, são injustas.
Mas como poderá funcionar uma democracia digna desse nome com um líder que só reconhece como válidas as eleições que ganha? É esse problema que Trump quer varrer do espaço público. É mais uma faceta antidemocrática do reeleito presidente, como se encontra em tantos líderes autoritários.
Trump prometeu que iria acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas, o que provavelmente significaria dar a vitória a Putin. Talvez preocupado com o mau ambiente político desta expedita “solução” (que o faria parecer como um líder fraco), Trump agora insiste com Zelensky, o líder ucraniano, para que chegue a acordo com a Rússia. De modo a que a responsabilidade de um acordo desastroso com Putin não recaia sobre ele, mas sobre o presidente da Ucrânia.
Na sexta feira passada, outra má notícia: Trump avisou a União Europeia que vai enfrentar uma subida dos direitos aduaneiros nos EUA se os países europeus não comprarem mais petróleo e gás norte americanos.
Enfim, Trump ainda não regressou à Casa Branca e já são visíveis alguns traços menos simpáticos da sua próxima presidência.