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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Os EUA, a Europa e a defesa

30 dez, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Depois do fim da segunda guerra mundial os EUA assumiram a defesa do mundo não comunista. Defender a Europa do expansionismo soviético era, para os americanos, defender-se a si próprios. Mas, agora, sem União Soviética e com Trump de novo na presidência dos EUA, não será possível manter essa “demissão” europeia em matéria de segurança e defesa.

O ano de 2025 que aí vem será dominado por uma incerteza: como irá a Europa garantir a sua própria defesa, com Trump de novo na Casa Branca? Importa, assim, lançar o nosso olhar sobre o que se passou nas últimas décadas.

Na primeira metade do século XX os EUA ultrapassaram os seus instintos isolacionistas e acabaram por participar vitoriosamente nas duas guerras mundiais. Não se pode esquecer que grande parte da população norte americana viera da Europa, sobretudo fugindo das guerras europeias.

Depois do fim da segunda guerra mundial os EUA assumiram a defesa do mundo não comunista. Defender a Europa do expansionismo soviético era para os americanos, em larga medida, defender-se a si próprios.

Quando se deu o colapso do comunismo soviético respirou-se de alívio pelo fim do “equilíbrio do terror”, mas não se entrou numa nova era de paz. Multiplicaram-se então os conflitos nos Balcãs, nomeadamente no Kosovo, levando a várias intervenções da NATO, situação que só viria a ser “pacificada” já no século XXI.

Entretanto, os países europeus pouco investiram na sua própria defesa; era mais cómodo e mais barato abrigarem-se sob o guarda-chuva nuclear americano, face à União Soviética. Vários presidentes dos EUA insistiram com os líderes europeus para que participassem mais nos custos da defesa, mas sem grande êxito.

Só que, agora, com Trump de novo na presidência dos EUA, não será possível manter essa “demissão” europeia em matéria de segurança e defesa. É assunto para a próxima crónica.

Comentários
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  • Qual quê
    30 dez, 2024 Portugal 11:47
    Ah, mas essa "demissão" continua em grande parte a existir, principalmente em Portugal. A maior parte dos lideres cartonados europeus, continua a pensar que em caso de perigo os EUA atravessam o Oceano para nos vir "salvar", e quando olham para o desinvestimento em Defesa das últimas décadas, e fazem contas ao que é preciso investir para recuperar desse desinvestimento, "encolhem-se", pois a Defesa não ganha Eleições, principalmente quando é preciso cortar no bem-bom Social. Temos o exemplo de cá: cortes sucessivos e desinvestimentos brutais, ministros da Defesa sem qualquer capacidade para o lugar (Azeredos, Cravinhos, Helenas "ideólogas de género" Carreiras) e um desinteresse dos temas da Defesa a acrescentar a um partido (PS) que até queria meter mercenários nas Forças Armadas e aldrabou a NATO num investimento de 300 Milhões que nunca foi feito. Tudo isto fêz com que as Forças (Des)Armadas Portuguesas sejam pouco mais que uma anedota, e apesar de alguns tímidos passos no sentido de alterar este estado de coisas, o que falta fazer é uma tarefa gigantesca