13 jul, 2022 • Olímpia Mairos
Apesar de assumir que fica um “pouco assustado quando o Estado decreta estados de contingência, estados de emergência”, o comentador d’As Três da Manhã admite que o Governo fez bem ao decretar Situação de Contingência para fazer face à onda de calor e evitar incêndios.
“Neste caso, parece-me, mais uma vez, o Governo a resolver a jusante, com uma medida autoritária, aquilo que não consegue resolver a montante”, diz Henrique Raposo, admitindo, no entanto, a importância da medida “tendo em conta o que se passou em 2017”.
“Dou esses trocos ao Governo”, afirma, defendendo que o que é importante é “resolver o que está a montante”.
E no seu entender, tudo está relacionado “com o divórcio absurdo entre nós, os citadinos, as grandes cidades e a nossa província, o campo”, sugerindo a mudança de políticas.
“Por exemplo, porque continuamos a dar subsídios à indústria do leite, às vacas leiteiras que não precisam?”, questiona.
Segundo Henrique Raposo, “a indústria do leite tem o seu mercado, não precisa de subsídios” e sugere “retirar esse dinheiro, que é público, que é um subsídio, e desviá-lo para a velha pastorícia, ou seja, para os pastores de cabras, ovelhas que são os grandes sapadores”.
“Um rebanho simples de cabras e de ovelhas limpa muito mais terrenos do que uma equipa de sapadores profissionais”, exemplifica.
Insistindo que o problema dos incêndios tem que ser resolvido a montante, o comentador admite que após os grandes incêndios de 2017 mudou “a perceção de risco e a ativação deste estado de emergência resulta disso mesmo”.