30 jun, 2023 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
Na análise aos altos valores pagos na liga saudita aos jogadores de futebol, o comentador d’As Três da Manhã entende que o problema não é a capacidade saudita para comprar, mas, sim, “reduzir a resistência dos jogadores a resistir, a resistir àquele encanto do dinheiro”.
“E o problema aqui começa com Ronaldo”, sinaliza, explicando que “Ronaldo transformou-se num idiota útil de uma ditadura, numa das piores ditaduras do mundo, e abriu a porta para outros jogadores serem também idiotas úteis de uma ditadura que se está a tentar legitimar”.
Segundo Henrique Raposo, “há aqui há uma personagem que é o MBS - Mohammad bin Salman, que está a transformar a Arábia Saudita numa espécie de ditadura europeia, com um Estado centralizado e ditatorial”.
“É imprevisível e um pouco triste vermos jogadores de futebol que são estrelas, que são símbolos e exemplos para as nossas crianças, não só na Europa, mas no resto do mundo, a transformarem-se literalmente em idiotas úteis de uma ditadura”, realça.
O comentador lamenta, por isso, que “não haja ninguém no meio - um jogador, um presidente, um ex-jogador - que diga alguma coisa, que diga ‘vocês não podem ser tão fáceis e não podem estar a ajudar a transformar, a legitimar uma ditadura”.
Confrontado com a compra de clubes europeus com dinheiro do Médio Oriente, ou Estados que fazem negócios com esses países, Henrique Raposo diz que a “fibra moral que o futebol podia ter já a perdeu há muito tempo”.
Por fim, o comentador faz o paralelo com os protestos que estão a acontecer em França, criticando, mais uma vez, os altos valores pagos aos jogadores de futebol, na Arábia Saudita.
“Temos aqui jogadores que ganham 5, 6, 7, 10 milhões de euros limpos e recebem uma proposta 50, 70, 80 milhões e ao lado, uma boa parte da juventude europeia, sobretudo a mais pobre, que está, de facto, num buraco de desespero”, sinaliza.
O comentador lembra que “a classe operária e baixa classe média foi destruída, não há emprego para essas pessoas e daí o desespero que se vê em França e noutros países” e, por isso, “é um pouco surreal estar aqui a analisar um jogador de futebol que ganha 60 milhões de euros, ao lado de uma juventude, milhões e milhões de jovens no desespero, que não tem saídas para nada”.