11 set, 2023 • Diogo Camilo
“Três semanas no centro dos holofotes” que serviram para “se fazer de vítima” e se posicionar como uma “figura na direita espanhola que resiste à igualdade entre homens e mulheres”.
Foi assim que Henrique Raposo, comentador d’ As Três da Manhã, descreveu esta segunda-feira na Renascença os episódios da saga de Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola de Futebol que se demitiu este domingo do cargo, após o polémico beijo à jogadora Jenni Hermoso após a vitória no Mundial feminino,
“O exagero foi criado pelo próprio Rubiales. Tudo isto seria fácil de resolver se ele tivesse feito aquilo que era óbvio. Aquele comportamento é inaceitável e não é a situação que o justifica”, disse, fazendo a analogia de um “CEO de uma empresa que dá um beijo a uma trabalhadora na festa de Natal”.
Para o comentador, é necessário “rever protocolos e rever a cultura da federação”.
Henrique Raposo indica que o agora ex-presidente da federação espanhola “escolheu fazer-se de vítima e de mártir”, naquilo que considera ser um “jogo político que extravasou por completo o futebol”.
“Rubiales quis fazer de figura de uma direita espanhola que está a resistir fortemente à ideia de igualdade entre homem e mulher. São três semanas em que ele se transformou numa figura política e agora é fácil vê-lo como deputado ou cronista de um jornal de direita espanhol.”
Questionado sobre se Rubiales tem ambições políticas, Henrique Raposo aponta que essa é “a única maneira de ver as últimas três semanas”, em que quis estar “no centro dos holofotes para se fazer vítima, para que o lado da sociedade espanhola mais conservador, mais reacionário, muitas vezes franquista, que está a resistir à ideia de igualdade entre homem e mulher”.