17 nov, 2023 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo defende que a Procuradora-Geral da República deve explicações ao país sobre o parágrafo que terá mandado incluir no comunicado referente à Operação Influencer.
O parágrafo, que tanta polémica tem gerado, que deu a conhecer a existência de uma investigação criminal contra António Costa, e que levou à demissão do primeiro-ministro.
Na visão de Henrique Raposo, “não se derruba um Governo desta maneira, sem se explicar muito bem o que é que se passou”.
“O que parece evidente é que a procuradora não sabia o que é que se estava a passar e não tem mão, não tem mãos, nos magistrados do Ministério Público”, assinala no seus habitualespaço de comentário das sextas-feiras, n’As Três da Manhã
"O que ressalta evidente é uma crítica recorrente ao Ministério Público, feito por muitos advogados, muitas pessoas que estudam a Justiça: há impunidade geral no Ministério Público."
Raposo diz que “os magistrados não são avaliados, não são criticados internamente”.
“O próprio Procurador-Geral não manda nos seus procuradores”, atira.
A justificação para a inclusão do parágrafo no comunicado é que Lucília Gago temia que o Ministério Público pudesse ser acusado de estar a proteger António Costa.
No entender de Henrique Raposo, esta justificação “faz sentido, no pressuposto que está tudo errado desde o início”.
Para o comentador, “o Ministério Público de uma democracia sólida, europeia, é um sítio onde a procuradora manda, de facto, nos seus magistrados e o que está a ver é que não manda”.
“Já passou uma semana e os erros dos magistrados estão à vista de toda a gente. O erro principal é o ataque ao primeiro-ministro, foi um ‘tirinho de fulminantes’”, diz.
Por isso, o comentador entende que “o Ministério Público está a ajudar, é o maior aliado da agenda populista”.
“Foi criado ao longo dos últimos anos um ambiente na sociedade portuguesa em que fica a impressão de que são todos uns bandidos, é tudo igual. Há casos a mais, há provas a menos e quando há provas de facto, como no caso de Sócrates, o julgamento nunca mais anda para a frente”, diz, concluindo que isto cria uma sensação de que são todos uns bandidos, uns corruptos, e que está a ajudar objetivamente o Chega”.