08 jan, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
“Ter um jornal não é ter um negócio de implante capilar, não é a mesma coisa”, diz Henrique Raposo, na análise ao que se passa com o Global Media Group (GMG), que detém o JN, o DN, a TSF, O Jogo e outros títulos.
O comentador da Renascença diz-se muito preocupado, porque “a situação é bastante grave”, destacando que “estamos a destruir por completo boa parte dos nossos media”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo cita o CEO da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, para afirmar que “os media em Portugal estão sitiados, estão cercados por pessoas com motivações erradas” e também Fernando Alves - a voz lendária da TSF - que disse que “a TSF foi tomada por gente pouco séria”.
De que forma é que se pode controlar essas entradas de determinados empresários no universo da comunicação?
Na visão de Henrique Raposo, tal só se consegue “com reação crítica forte no momento certo”.
“Há uns anos, Proença de Carvalho foi o ‘Chairman’ deste grupo. Proença de Carvalho era um ‘player’ dos grandes escritórios de advogados. Nada contra, mas um player da advocacia não pode ser ‘charmain’ dos media. Mais: ele era ao mesmo tempo advogado do Sócrates”, exemplifica, rematando que “há um óbvio conflito de interesses, mas também houve um óbvio silêncio crítico”.
Questionado sobre se o financiamento estatal é solução, o comentador assume que tem dúvidas.
“O que eu acho é que temos que ser mais críticos”, diz, dando o exemplo da compra da Cofina por Cristiano Ronaldo.
“A família Aveiro tem algum pensamento estratégico sobre o que é o negócio dos media ou ele comprou aquilo só para não ter problemas com a irmã e com a mãe?", questiona, atirando que “um milionário não pode chegar à praça pública e, simplesmente, comprar um grupo de media só porque tem muito dinheiro”.