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“É preciso olhar para a imigração através da classe social. Uma lente que foi perdida”

Henrique Raposo

“É preciso olhar para a imigração através da classe social, uma lente que foi perdida”

22 mar, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos


O comentador analisa a decisão de o Canadá restringir a imigração, reduzir residentes temporários, medida para resolver escassez de habitação e sobrecarga dos serviços essenciais.

“Nós temos que olhar para a imigração através de uma lente que foi esquecida, que é da classe social e não da raça ou da etnia”.

O alerta é do comentador da Renascença Henrique Raposo na reação à notícia de que o Canadá vai restringir a imigração: reduzir residentes temporários, medida para resolver a escassez de habitação e sobrecarga dos serviços essenciais.

No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo lembra que “o Canadá está a ter esse debate há bastante tempo” e, aliás, “impôs uma lei que em Portugal foi defendida pelo Bloco de Esquerda: proibir a venda de casas a estrangeiros”.

“Não se trata de xenofobia nem de racismo. São pessoas a tentar resolver um problema - os liberais no Canadá e o Bloco Esquerda em Portugal”, assinala.

O comentador avisa que, “se continuarmos com essa obsessão identitária - a cor de pele - nós vamos estar a fazer um jogo de radicais, quer da esquerda, quer da direita, a extrema-direita” e dá o exemplo do que está a acontecer nos Estados Unidos.

“Não é difícil perceber porque é que, por exemplo, nos Estados Unidos a grande coligação que está a dar a potencial vitória ao Trump, por incrível que pareça, é uma coligação de trabalhadores manuais, operários de todas as etnias”, aponta.

Henrique Raposo entende que “os trabalhadores hispânicos, asiáticos, e até alguns negros que se identificam, antes de tudo, como operários, como trabalhadores manuais, estão a votar no Trump, porque ele tem a agenda da velha esquerda que é: menos comércio livre e menos imigração”.

Raposo sublinha, ainda, que, quando um imigrante quer reduzir a imigração não está a ser racista, mas a defender os seus interesses.

“É preciso perceber estas pessoas através da classe social, que é uma lente que foi perdida”, insiste.

Fazendo o paralelo com a greve dos estafetas de plataformas digitais - sejam brasileiros, do Paquistão, do Bangladesh, o comentador questiona: “como é que se podem integrar, se estão sempre a lutar pela sobrevivência?”

“É preciso restringir um pouco a entrada, porque eles querem ter mais direitos sociais e é muito difícil ter mais direitos sociais, quando há um fluxo permanente de rivais para o trabalho”, remata.

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