12 abr, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
“A representação mediática do país não apanha o pó da rua”. É o alerta do comentador da Renascença Henrique Raposo face às notícias de que há 115 mil idosos que, por ano, chegam aos hospitais malnutridos e de que está a crescer o número de crianças que vivem nas ruas.
Raposo nota que “as redações estão esticadas, têm poucos meios” e, que, por isso, mostram o país sentado.
“Olhamos para as televisões e vemos um país sentado. São pessoas a comentar, só há comentário sobre comentário. Só há reportagens do Parlamento e o país real, com os idosos abandonados e as crianças de rua a crescer, não aparece”, assinala.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo sublinha que “nós temos um drama gigantesco que nunca tem destaque, porque não chega às televisões: são os idosos que são abandonados nos hospitais, os chamados internamentos sociais”.
“São abandonados porque as famílias não os querem e, sobretudo, não podem, porque nem sequer estão cá em Portugal, muitas vezes. Os velhos ficam abandonados. 1.650 camas, há poucos meses, estavam ocupadas no SNS, que já está espremido, por outro lado, por estas pessoas”, observa.
Para o comentador, “há aqui um drama gigantesco: estão abandonadas, estão a ocupar camas que deviam ser para doentes que precisam de operações e por aí fora”.
“É mesmo triste saber que ficando num hospital não recebem uma alimentação condigna, porque não há meios. O próprio hospital não tem meios para dar uma alimentação condigna”, lamenta, acrescentando que “a alimentação que se dá às escolas, às nossas crianças, é miserável”, lamenta.
“Como afeta só a camada mais baixa da população, fica por representar mediaticamente”, diz, rematando: “parem com a conversa do excedente”.