03 jun, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença entende que o debate, em Portugal, em torno das eleições Europeias está desfasado no tempo e não tem debatido a realidade da Europa nem os problemas que esta enfrenta.
“Parece que estão numa máquina do tempo ou numa bolha temporal, no sentido em que parece que foi em 2014”, atira Henrique Raposo, acrescentando que “o debate das europeias, em Portugal, não acompanhou as mudanças sísmicas que ocorreram na Europa, nestes anos”.
“Parece que não há uma guerra na Rússia, parece que um bando de terroristas não conseguiram bloquear uma rota fundamental do nosso comércio no Mar Vermelho - os hutis - só com recurso a drones e com pequenos mísseis, parece que os Estados Unidos não estão em causa”, ilustra Raposo.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo adverte, no entanto, que “é impossível prever o futuro próximo dos Estados Unidos, que são o nosso maior aliado”, defendendo que “isto implicava uma discussão mais séria sobre gastos de despesa, serviço militar obrigatório, como os outros países europeus já fizeram”.
O comentador entende que a questão da Defesa não pode ficar fora dos debates e que era importante “debater sério se o limite dos 3% - a regra clássica da Europa - faz sentido neste novo mundo”.
“Impor um défice de 3% fazia sentido quando havia paz na Europa, quando vivíamos no chamado fim de história. Faz sentido, hoje em dia, isso, com a ordem liberal internacional, como se costumava chamar, a colapsar como está?”, questiona.
Na visão de Raposo, nestas eleições, o PS tem dois enormes problemas: “a Marta Temido, enquanto ministra, que está sempre a deslocar-se do Governo ou do seu passado como ministra” e o próprio Pedro Nuno Santos, porque “Montenegro está a governar com uma pedalada tremenda que era a imagem de marca do Pedro Nuno Santos”.
“O Montenegro está a governar como o Pedro Nuno Santos gostaria de governar. É o aeroporto, é o plano para a saúde, as migrações”, diz Raposo, acrescentando que “é um pouco cómico ver Pedro Nuno Santos a criticar o Montenegro por estar a governar com um ritmo que ele exigia”.
“Acho que a AD tem aqui uma oportunidade para vencer, apesar da juventude extrema de candidato”, remata.