17 jun, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença considera que é importante os jogadores da seleção francesa estarem a aproveitar as conferências de imprensa diárias para alertar contra o populismo, isto numa altura em que a extrema-direita está bem posicionada para ganhar as legislativas em França.
Recorde-se que Kylian Mbappé, o capitão da seleção, viu-se este domingo no centro da turbulência política da França, na véspera do primeiro jogo da seleção no Euro 2024, descrevendo os acontecimentos tumultuosos do país como um momento crucial para a história francesa.
“Porque é preciso coragem, em primeiro lugar”, diz Henrique Raposo, lembrando que o Taremi, [ex-jogador do FCP], organizou um protesto dos jogadores iranianos contra o seu regime”.
“E isto é importante porque o futebol não é só futebol. Aquelas pessoas são ídolos da miudagem e é bom que digam que o futebol é menos importante do que do que a nossa liberdade. E o Mbappé está a perceber uma coisa fundamental, aquelas eleições são decisivas”, argumenta.
Para Raposo, as eleições em França são “uma ameaça existencial” porque “a Le Pen é aliada do Putin”.
“Hoje em dia há duas extremas direitas, uma que é aliada do Putin e outra que não é do Putin, aquela que é aliada de Putin é, de facto, um inimigo existencial”, aponta.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo diz que a seleção da França e a nossa são compostas por pessoas, advertindo que “dentro daquelas cabeças dos ‘cheganos’ e dos ‘Le Pen’ não são franceses ou portugueses, portanto, têm que tomar posições”.
“É uma eleição fundamental”, insiste o comentador, acrescentando que hoje em dia já não se sabe o que é esquerda ou direita, apontando como exemplo o mapa eleitoral da Alemanha.
“O velho centro-direita está a liderar a esquerda contra a direita nova, contra a direita radical. O que pode surgir destas eleições da França é que o Mácron, que foi sempre um liberal de centro-direita, vai liderar a esquerda unida, os liberais e a esquerda contra esta nova vaga de extrema-direita”, alerta.
Voltando à posição assumida por Mbappé, Henrique Raposo lembra que “a liberdade de expressão é para todos, portanto, se houver um jogador que diga o contrário, não pode ser cancelado”.
“É fundamental. Ele tem direito à sua opinião”, diz, assinalando que “quando o Mbappé apela aos jovens contra extremismos está a cometer um erro, porque os jovens são muito mais radicais do que os idosos e do que os maduros”.