18 nov, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo considera que Biden está “a tentar dar o máximo de trunfos possíveis à Ucrânia, antes do Trump chegar e forçar um acordo de paz”. Em causa está a autorização dos Estados Unidos para a Ucrânia usar armas de longo alcance.
Raposo sublinha que o acordo de paz “implicará sempre vermos a Ucrânia ficar sem partes do seu território - e não estou a ver como é que podemos descalçar essa bota -, porque o empate no terreno é inevitável e terá que haver sempre, de facto, um acordo de paz em breve, infelizmente feito pelo Trump, isso é que é ainda mais triste e trágico e curioso”.
A decisão dos Estados Unidos ocorre também em resposta ao envio de tropas terrestres norte-coreanas pela Rússia para complementar as suas próprias forças, um acontecimento que causou alarme em Washington e Kiev.
Questionado sobre se estamos às portas de um conflito muito mais alargado, tendo por base declarações relativas ao cenário da Terceira Guerra Mundial, o comentador diz que é preciso ter calma, lembrando que a Rússia já perdeu “entre 500 mil homens e um milhão de homens em dois anos”.
“Tem uma fábrica de homens? Não me parece”, diz.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo acrescenta ainda que “o Irão também está sozinho”.
“Uma das coisas interessantes da guerra em Israel é que todos os Estados Árabes são aliados silenciosos de Israel contra o Irão. A Coreia do Norte, acho que nem vale a pena falar, a China está no muro. Portanto, nós, no Ocidente temos de ter noção de uma coisa: temos muito mais poder. Estamos a falar de regimes. O eixo do mal, que foi uma expressão infeliz do Bush, em 2003, que hoje em dia faz sentido, porque há aqui, de facto, uma estratégia concertada da Rússia, do Irão e da Coreia do Norte, para destabilizar aquilo que se chama a ordem liberal internacional, mas são regimes que estão acossados internamente e precisam destas guerras no exterio para se relegitimarem”, observa.
Na visão de Henrique Raposo, a própria retórica da Terceira Guerra Mundial faz parte disso.
“O Irão, além de estar isolado no contexto do Médio Oriente, porque é odiado pelos Estados sunitas e árabes que o rodeiam, internamente, a juventude iraniana odeia o seu próprio regime, sobretudo as mulheres, que são, ao meu ver, nestes últimos dois anos, as maiores heroínas de tudo isto, as mulheres iranianas que, lá e cá no Ocidente, lutam por um Irão ou por uma Pérsia livre e democrática”.
“Quando o ditador da Coreia do Norte diz que é a Terceira Guerra Mundial, está a falar para os seus escravos internos, não é uma análise certeira e racional, está a falar para o seu povo, que vive num ambiente distópico”, conclui.