25 nov, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo aborda os números preocupantes e dramáticos da violência doméstica e fala do paradoxo nórdico.
“Os países nórdicos lideram a igualdade entre homem e mulher, mas também lideram a violência doméstica. Em relação à União Europeia, a Dinamarca tem mais de 32%, a Finlândia 30%, a Suécia 28%. Quem lê aqueles policiais nórdicos thriller/terror que estão muito na moda, não pode ficar surpreendido, há uma violência vulcânica debaixo daquela alegada igualdade, pureza gelada”, observa.
Na visão de Raposo, isto acontece porque “os homens nórdicos estão, de facto, na vanguarda da igualdade entre homem e mulher, ou seja, são aqueles que estão a perder, de facto, privilégio e poder, quer no trabalho, quer em casa, ou seja, são homens que ficam mais tempo em casa a fazer o trabalho mais duro do casal, que é cuidar da casa e dos filhos”.
“Isso coloca a velha ideia de masculinidade em risco, ficam inseguros e, portanto, tornam-se mais violentos”, observa, assinalando que isto acontece nas sociedades mais avançadas do mundo”, o que leva a um tema que é fundamental - “o papel da mulher e da mãe foi redefinido no século XX, é a grande transformação social, cultural do século XX”.
Para Raposo, estamos a assistir à “redefinição do papel de homem e de pai”, sublinhando que “isso é feito, obviamente, com muita revolução interna e, muitas vezes, política”.
“Se tu pensas no Trump e no Chega - aquilo a que se chama o populismo - é uma reação política que junta este fenómeno cultural”, diz.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo destaca ainda que “há uma relegitimação do machismo, mais do que machismo, da misoginia mais buçal, mais baixa, mais primitiva, na internet. São imensos ribeiros que vão incorporar num grande Amazonas que é o populismo, e o Trump e o Chega e a Le Pen, paradoxalmente…”
Por isso, o comentador considera que “não vamos encontrar paz durante muito tempo”, porque “esta revolução vai continuar a acontecer de um lado e do outro”, o que deve obrigar “a disciplinarmos a internet”.