06 dez, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
Na análise à queda do Governo de Michel Barnier, que não resistiu a duas moções de censura, o comentador Henrique Raposo diz que isto mostra, mais uma vez, que “os extremos são iguais”.
“Normalmente as pessoas acham que a política é uma linha reta, com o polo esquerdo muito distante do polo direito, mas, na verdade, é um círculo”, diz, assinalando que, quando “tu te afastas muito para um lado, vais ter aos extremos do outro lado”.
“Em Portugal temos um exemplo quase caricatural disso. A Joana Amaral Dias, quando eu estava na faculdade, era a menina querida da extrema-esquerda portuguesa e hoje em dia é a menina querida da extrema-direita. E, portanto, tens aqui a França insubmissa e a Le Pen, ou seja, a extrema-esquerda e a extrema-direita a dizer que se odeiam, mas estão unidos num ódio comum, que é ao centro”, exemplifica.
Na visão de Raposo, “as pessoas querem fazer política concreta, real, que resolva, de facto, os problemas das pessoas” e isso “está completamente comprometido”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo dá o exemplo à direita do Brexit, que “foi um desastre absoluto económico” e que, “se os ingleses, agora, tivessem a oportunidade para votar, voltariam à União Europeia”.
“É um dado objetivo e é o grande tabu da política inglesa: ‘queremos voltar, mas não sabemos como’”, aponta.
Como exemplo da extrema-esquerda, aponta o Syriza, da Grécia, “a grande revolução contra a Troika”, realçando que “o Syriza, neste momento, é o quarto partido da Grécia, e quem está a resolver os problemas da Grécia é um partido centro-direita; podia ser centro-esquerda - é igual - que está a resolver as coisas dia-a-dia, caso-a-caso”.
Olhando para a França, “qual é a solução da Le Pen? - É a aliança com o Putin e com as extremas-direitas da Europa Oriental, as Húngrias e as Polónias? É esse o futuro da França, da revolução francesa?”, questiona.
“À esquerda, o paradoxo da esquerda contemporânea”, Raposo aponta a “aliança entre os progressistas, feministas e LGBT com as comunidades muçulmanas, que são as mais radicais do polo oposto”.
“Não há solução, tu não podes juntar um ativista LGBT com um ativista muçulmano na mesma sala”, completa.
Por fim, Raposo admite que não há capacidade no centro, no espaço moderado.