Siga-nos no Whatsapp
Henrique Raposo
Opinião de Henrique Raposo
A+ / A-

Catolicismo: uma arma contra o nacionalismo

03 mai, 2019 • Opinião de Henrique Raposo


Uma pessoa ou é cristã ou é nacionalista, não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Ou está com a Bíblia, ou está com os bezerros de oiro do sangue e do solo.

Para usar um eufemismo, a igreja e o catolicismo têm má imprensa. As duas narrativas que alimentam a modernidade há vários séculos, o protestantismo anglo-saxónico e o laicismo francês, divergem em quase tudo excepto na eleição do inimigo número um: os católicos. Esta convergência do capitalismo wasp com o espírito da revolução francesa tem um efeito cultural poderoso e até agora imbatível: coloca os vícios católicos na vitrina mais iluminada e, ao mesmo tempo, arruma as grandezas católicas num sótão empoeirado e afastado da freguesia normal da loja. Pois bem: tendo em conta o clima que estamos a viver, é fundamental visitarmos esse sótão para resgatar uma das virtudes do catolicismo do século XX: a resistência ao nazismo.

Pegando no exemplo do teólogo Dietrich Bonhoeffer, já uma vez salientei aqui a importância da desobediência do cristianismo alemão perante o jugo nazi. Henrique Monteiro, no Expresso da semana passada, salientou por sua vez a importância do catolicismo na resistência ao nazismo, invocando o exemplo do bispo de Munster, preso por denunciar os métodos bárbaros da eugenia “científica” que os nazis usavam para apurar a raça. Convém ainda salientar que as regiões mais católicas e conservadoras da Alemanha, Baviera e Renânia, foram aquelas que mais resistiram ao paganismo revolucionário de Hitler. A série de televisão “A Família Krupp” mostra bem este confronto entre a posição conservadora e cristã, de um lado, e a posição fascista, do outro. No mesmo sentido, o filme "Valquíria" mostra a maior revolta anti-Hitler: foi liderada por Claus von Stauffenberg, um aristocrata movido pelo seu ethos católico (algo que escapa à narrativa anglo-saxónica do filme). É que o fascismo nazi tinha quase tudo em comum com o comunismo estalinista e nada em comum com a moral católica. Quem acredita na transcendência e no direito natural não pode sacralizar o poder terreno de um líder, de um leviatã, de uma tribo, de uma linhagem de sangue. Jesus, para espanto da própria samaritana, fala com os samaritanos (Jo 4, 9) e até faz deles exemplos morais (Lc 10, 29-37). Na linguagem de hoje, o samaritano é o “mulato”, o mestiço que mistura sangues e influências.

Quando se ouvem de novo as trombetas dos ídolos do nacionalismo pagão que nos reduz a um amontoado de veias e artérias por onde passa um sangue alegadamente puro ou impuro, convém recordar esta lição histórica e bíblica. Nenhum católico pode idolatrar o estado ou a nação, o sangue ou a tribo. O catolicismo supera o sangue e da tribo, transformando-os em irrelevâncias, meros acasos da natureza. E o catolicismo relativiza o estado e a nação. O estado mecânico e a nação orgânica não são essências sagradas. São meros instrumentos. E só são instrumentos legítimos se estiverem ao serviço da lei fundamental. Portanto, uma pessoa ou é cristã ou é nacionalista, não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Ou está com a Bíblia, ou está com os bezerros de oiro do sangue e do solo.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • João Mendes
    23 mai, 2020 São Paulo, SP 22:22
    'Catolicismo: uma arma contra o nacionalismo' Título mais tendencioso, mentiroso e lacrador. Todo homem tem orgulho por sua nação e não pela chamada pátria grande comunista. Deixe de fazer título fantasiosos que fazem apologia ao comunismo, aquele que é o maior inimigo da igreja católica.
  • Amora Bruegas
    19 mai, 2019 Torres Novas 12:39
    Espantoso como usam a censura que desmascara posições erradas e é contra, numa típica atitude à "Judas". Um dia, receberão o "prémio" ardente.
  • Amora Bruegas
    19 mai, 2019 Torres Novas 03:41
    Pois..., mas os Cristão NÃO podem andar a apoiar traidores, abortistas, eutanazis ou quem defende atitudes diferentes das preconizadas por Jesus Cristo. Acontece que há diversos dirigente católicos de braço dado com socialistas, comunistas e bloquistas.....
  • João Lopes
    06 mai, 2019 09:44
    Concordo com Henrique Raposo: «Nenhum católico pode idolatrar o estado ou a nação, o sangue ou a tribo. O catolicismo supera o sangue e da tribo, transformando-os em irrele-vâncias, meros acasos da natureza. E o catolicismo relativiza o estado e a nação».
  • António Costa
    04 mai, 2019 Cacém 11:56
    Os ditadores sempre gostaram de controlar tudo e todos. Apresentarem-se como seres divinos ou interlocutores unicos com o divino foi apenas um pequeno passo. O problema foi que o Cristianismo lhes "trocou as voltas". E os Valores Cristãos foram os "grãos de arroz" que "emperraram" as máquinas totalitárias. Porquê? porque os valores cristãos não permitem matar e perseguir o Outro. Quem o faz entra em Contradição. Sem o Cristianismo matar e perseguir não traz problemas aos representantes Únicos de Deus. Só os Principios Cristãos o fazem.
  • Vera Costa
    04 mai, 2019 04:00
    Henrique Raposo, está por acaso a falar em fanatismo? é que Hitler e Estaline eram nacionalistas ao extremo de quererem tirar aos outros para ... olhe para fazerem o que fizeram que prejudicaram o mundo todo! uns países mais do que outros, mas todos sofreram! Agora o catolicismo é outra parte, do mesmo, com o fanatismo! se as religiões que são católicas não suportarem as outras religiões que são cristãs, mas não seguem os mesmos hábitos! estamos outra vez com uma situação idêntica: as religiões a perseguirem-se e a matarem-se todos uns aos outros! Então eu posso ser católica e amar o meu país! e defendo as duas causas! mas, não mato ninguém, porque sigo os Mandamentos! não sou fanática, porque tão depressa eu concordo com os padres, como posso não concordar, é conforme o que eles dizem! porque eles da mesma religião também discordam uns dos outros; como os nacionalistas também discordam! o Estaline derrotou o Hitler, para a seguir fazer o mesmo! apoderarem-se daquilo que não lhes pertencia, e obrigarem os povos a obedecerem-lhes debaixo de violência! O Sr. Presidente Rebelo de Sousa, é católico, é nacionalista e respeita os 'outros' povos! é um exemplo a seguir! Que Deus o prolongue por muitos anos! O que me irrita nas pessoas é verem que não estão certas, mas que têm como obrigação seguir um partido com afinco, ou uma religião! isso é fanatismo (incorrecto)!foram habituados à ditadura, passaram-a para os filhos e não conseguem livrar-se dela, vivem uma liberdade às avessas!
  • Tormenta
    03 mai, 2019 Oporto 23:32
    Mentira. Es completamente falso. El catolico esta ordenado a amar su pais y su raza, por definicion, sin que eso implique odiar a otras. La Iglesia catolica, mantuvo a raya a los juden durante siglos. Y eso lo reconoció el farsante que tenemos en el vaticano. Es mas, todos los regimenes politicos de la epoca, catolicos, como Franco, Salazar, Mussolini, Codreanu, Degrelle, Tiso y Pavelik, se alinearon detras del REich. Yo soy catolica y no veo ninguna oposicion con ser NS. ABSOLUTAMENTE NINGUNA