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Henrique Raposo
Opinião de Henrique Raposo
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Nem ateu nem fariseu

Eu não uso máscara na praia (sobretudo depois da festa do Sporting)

14 mai, 2021 • Opinião de Henrique Raposo


Ao imporem a máscara até na praia depois da festa do Sporting, o Governo e a DGS estão a cair no ridículo, por um lado, e a fomentar a cultura anti-científica, por outro lado, visto que estão a desconfiar implicitamente das vacinas – o contrário do que está a fazer a "DGS" americana.

Deus deu-nos livre arbítrio para pensarmos e decidirmos. E uma das tristes lições da pandemia é esta: boa parte da população abdica num ápice desse livre arbítrio; há demasiada gente que deixa de pensar para se refugiar em teorias e mitos que garantem um ambiente 100% controlado e sem risco. Claro que a consequência desta abdicação é esse imenso vício chamado medo. Estou mesmo convencido que há pessoas que não conseguem agora sair da lógica do medo, porque o #ficaremcasa dava-lhes um lugar seguro e previsível na ordem das coisas.

Querem um exemplo? O Governo prepara mais uma aberração: a imposição da máscara na praia. Estou certo de que esta aberração contará com o apoio de muita gente, demasiada.

Contra esta medida, é preciso usar o livre arbítrio e dizer duas ou três coisas. Em primeiro lugar, é uma imposição draconiana do Estado na vida das pessoas; é um completo desrespeito, mais um, das nossas liberdades.

Em segundo lugar, é um desrespeito pela ciência. Leiam, estudem, informem-se: não existe qualquer justificação científica para a máscara na rua, muito menos na praia. Num ambiente batido pelo sol, vento e mar, é ridículo andarmos de máscara; está ao nível da superstição. Como dizia há dias um estudo citado pela "Atlantic", o vírus é 19 menos eficaz no exterior do que no interior. Repito: 19 (dezanove). Se adicionarmos o sol, o vento e o mar, este 19 só pode aumentar.

Mas, contra qualquer racionalidade, nós estamos a fazer exatamente o oposto: entramos num espaço fechado e propício ao vírus (um restaurante) e tiramos a máscara porque vamos almoçar com amigos; saímos para a rua e pomos a máscara. Lamento, mas está tudo ao contrário. Não estamos a seguir a razão, estão a seguir uma estranha etiqueta social.

Ao ar livre, o vírus só se torna um problema num megaevento como uma manifestação popular densa como as celebrações do Sporting. E, mesmo assim, é duvidoso afirmarmos que, por exemplo, as manifestações do #blacklivesmatter foram decisivas no avanço da epidemia. Os vírus respiratórios precisam de espaços fechados.

A imposição da máscara na praia é ainda mais ridícula quando o CDS americano está a dizer que a máscara deve ser abandonada até dentro de casa assim que a pessoa for vacinada. Quando chegarmos a julho e agosto, a parte da população mais idosa de Portugal já estará vacinada por inteiro. Então porquê esta imensa estupidez?

Ao imporem a máscara até na praia depois da festa do Sporting, o Governo e a DGS estão a cair no ridículo, por um lado, e estão a fomentar a cultura anti-científica, por outro lado, visto que estão a desconfiar implicitamente das vacinas – o contrário do que está a fazer a "DGS" americana.

A imposição da máscara na praia é uma medida arbitrária que não segue qualquer padrão de racionalidade científica. E torna-se ainda mais arbitrária depois da festa do Sporting. Aliás, a festa do Sporting é um evento decisivo. Se os números não subirem depois daquele mega ajuntamento, ficará então provado de uma vez por todas que a lógica draconiana do #ficaremcasa e das regras sanitárias impostas à população foram para lá do exagerado. Como disse aqui na Renascença na quarta-feira, a festa do Sporting não é revoltante pelo potencial perigo sobre a epidemia, que me parece diminuto. É revoltante porque mostra como as regras do confinamento têm sido arbitrárias e injustas, e essa injustiça torna-se ainda mais sufocante quando um setor (futebol profissional) pode fazer coisas que os outros não podem. Um adepto pode ter a liberdade total, mas um crente em Fátima já não pode ter essa liberdade. Porquê?

Comentários
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  • Tiana
    14 mai, 2021 Lisboa 16:28
    Sr. Henrique Raposo, discordo em grande parte dos seus artigos, porque só revelam que escreve para dizer aos outros que sabe umas coisinhas... Mas hoje escreve um artigo inspirado, com palavras certas sobre um assunto certo e sério. A única falha neste artigo é tomar uma posição tendo como base a festa do Sporting. O Sporting festejou e muito bem. Desafiou a ditadura que vivemos cheia de contradições. E estamos todos a ingerir regras pela força do bastão do medo imposto por um poder político mundial que lançou um vírus para matar os nossos velhos. Foi a única forma que os líderes mundiais tiveram e resolveram nas reuniões, para despoluir o ambiente... matar o máximo de população lançando um vírus... Estão todos combinados e a ganhar fortunas com a desgraça de outros... Portanto, se decide não usar máscara é porque está convicto que ela não é necessária e não só porque os outros não usam eu também não uso.... Fomos feitos para respirar o oxigénio e não o nosso próprio dióxido de carbono. Por isso, as máscaras só trazem novas complicações às vias respiratórias.
  • Gonçalo Ribeiro
    14 mai, 2021 Vila de Cucujães 15:52
    Por favor vá ler com atenção as indicações da DGS. O uso obrigatório das máscaras será nos acessos, via pública, faz todo o sentido nestas alturas assim o ser, mesmo estando a tentar respeitar o distanciamento recomendado é certo que vai haver muitos momentos que o mesmo não será possível de fazer. E os outros momentos é nos restaurantes, bares, esplanadas etc que se localizem no areal ou próximo do mesmo. Também aqui faz todo o sentido e simplesmente é uma extensão das regras que estão agora em vigor. Recomendo a RR que leia o que está a ser escrito pelos seus colunistas antes de publicar.
  • João
    14 mai, 2021 Viseu 14:51
    Concordo com HR: «A imposição da máscara na praia é uma medida arbitrária que não segue qualquer padrão de racionalidade científica.».
  • Ivo Pestana
    14 mai, 2021 Funchal 12:51
    No campo , no jardim, na montanha, na praia..., o uso de máscara não é necessário. Existindo o distanciamento necessário, não há problema. O importante é evitar contágios, sobre a festa do Sporting são coisas que acontecem e não é sempre. Menos drama seria bom.
  • Anónimo
    14 mai, 2021 Lisboa 11:01
    Como se os americanos fossem exemplo algum no combate à pandemia. Conseguiram fazer pior que o muito incompetente governo de António Costa, o que não é facil.
  • José J C Cruz Pinto
    14 mai, 2021 ÍLHAVO 10:32
    Olha o "sabichão virologista"! Não será do Sporting, ... mas é do "contra"!
  • J M
    14 mai, 2021 Seixal 10:07
    O querido ou não sabe interpretar o que lê ou também faz parte da seita dos negacionistas. A DGS diz: "não é necessário usar máscara na praia, apenas é necessário usar máscara nos acessos à praia, nos cafés e restaurantes.