20 fev, 2019
“Numa altura em que falamos tanto dos populismos e soluções não democráticas, é bom salientar que é assim que se faz política civilizada: no Parlamento, com moções de censura ou de confiança”, defende Henrique Raposo a propósito da moção de censura do CDS.
Eleitor assumido da direita, o comentador considera que a iniciativa do partido liderado por Assunção Cristas é “legítima” e que irá “fazer muitos estragos no PSD”.
“Rui Rio, colando tanto o PSD à esquerda, para um eleitor clássico de direita como eu, é muito fácil escolher o CDS. Muito muito fácil”, destaca.
Já Jacinto Lucas Pires compara “o CDS da Assunção Cristas” aos “miúdos das festas, que se põem em bicos dos pés e que gritam para chamar a atenção”.
“O que me parece mais estranho é que, por um lado, houve uma moção de censura há pouco tempo e, por outro, não me parece haver uma visão de fundo alternativa de governação do lado do CDS-PP. Há um altifalante, há a marcação pontual aqui e ali, mas não parece haver um discurso de uma outra sociedade, um outro Estado ou outro tipo de reformas de uma forma sistemática e consistente e acho que isso era pedido numa moção de censura”, defende.
No que toca ao endividamento das famílias portuguesas, Henrique Cardoso mostra-se muito crítico “daquelas casas de crédito, que não é crédito, é usura”.
“Um dia gostava de ver uma campanha moral contra essas casas de crédito. Aquilo é imoral porque aponta baterias a dois tipos de pobreza que são alvos fáceis: tipo de pobreza escondida e a pobreza de quem compra um iPhone por 700 euros, porque o seu futuro não existe e vive o presente”, aponta.
“É muito difícil para pessoas de classe média e alta compreenderem isso, mas antes de julgarmos temos de compreender”, sustenta.
Jacinto Lucas Pires chama a atenção para o facto de, ao lado da precariedade e dos salários baixos, existir também “o apoio aos mais velhos – pessoas que têm de suportar pais e avós”.
O endividamento “não são só pessoas que gastam dinheiro em coisas inúteis, é também pessoas que estão a sustentar a família alargada como não acontecia há alguns anos”, alerta Lucas Pires.
O comentador recomenda a leitura do artigo da Renascença sobre o assunto, onde são deixados vários conselhos para evitar o endividamento excessivo.