12 out, 2020 • Miguel Coelho , Cristina Nascimento
O comentador da Renascença Jacinta Lucas Pires considera que a proposta do Orçamento de Estado a que a Renascença teve acesso revela boas intenções, mas que podia ter ido mais longe.
"Tem boas intenções, ideias interessantes, mas o registo é muito 'aguenta, aguenta'. Falta ambição de transformação", diz.
Jacinto Lucas Pires comentou ainda em particular a ideia de uma raspadinha cujas verbas serão destinadas ao Fundo de Salvaguarda do Património Cultural.
"É uma boa ideia, mas é sintomático da forma como o Governo e o poder em geral tende a olhar a cultura, é uma coisa que precisa de raspadinhas. Em vez de ser um serviço nacional de cultura, como é um Serviço Nacional de Saúde que precisa de investimento a sério, vai-se arranjar uma raspadinha para pagar o património cultural", argumenta o escritor.
Já Henrique Raposo considera uma "contradição" as propostas do Governo para o Ensino Superior que, por um lado, dá liberdade para a contratação de docentes e investigadores e, por outro, reduzem o valor das propinas. "Como é que podemos contratar grandes professores, manter uma qualidade científica e académica acima da média com propinas tão baixas", questiona.
Sobre a probabilidade do documento ser aprovado, os dois comentadores consideram que vai passar no crivo dos deputados.
"Acho que os sinais deste Orçamento é que o Governo procurou ir ao encontro de algumas reivindaçãos do PCP e do BE", diz Jacinto.
Já Henrique Raposo considera que "é um Orçamento claramente encostado à esquerda, ao PCP e ao BE". "Se não aprovam isto, não sei o que é que querem mais, têm tudo o que querem", remata.
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