19 out, 2020 • Miguel Coelho (moderação do debate) , Sofia Freitas Moreira
“Acho que é uma linha vermelha, que se está a passar com demasiada facilidade. A ideia de que o Estado pode ter uma aplicação sobre saúde, que são os dados mais íntimos da nossa vida… Brinca-se muito com isso, mas acho que não tem piada nenhuma”, refere Henrique Raposo no espaço de comentário das Três da Manhã, nesta segunda-feira.
“Meio ano de uma epidemia que é historicamente fraca destruiu, em boa parte da sociedade ocidental, as regras da liberdade e isso é muito preocupante”, sublinha.
Francisco Lucas Pires concorda, acrescentando que a obrigatoriedade de utilização da aplicação StayAway Covid é “claramente inconstitucional, além de que não é fiscalizável”.
“Assusta-me muitíssimo esta visão de um Estado ‘Big Brother’”, continua. “O Governo cometeu um erro. Acho que a obrigatoriedade é de retirar a proposta e pedir desculpa”.
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Questionados sobre as respostas do governo no combate à Covid-19, os comentadores apontam falhas à estratégia adotada.
“A estratégia fracassa, sobretudo, quando abrimos o leque e falamos da doença para além da Covid. E deixem-me elogiar a Renascença, que é o único órgão de comunicação social que tem falado do excesso de mortalidade desde março”, diz Henrique Raposo.
“Desde março que temos um excesso de mortalidade de 7.500 pessoas. Só duas mil são explicáveis pela Covid. Morreram porque estão tão aterrorizadas que nem sequer vão ao hospital ou morreram porque não foram atendidas no hospital. Porque o hospital foi montado para a guerra contra a Covid e não está a dar resposta a outras doenças”, remata.
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Lucas Pires, por sua vez, acredita que “o sistema tem de ser fortalecido e há um outro problema em relação ao Covid: parece que já não há assim tantas medidas que o Estado possa tomar, parece que se sente um bocadinho encaixado entre a Economia e a Saúde. O Estado não quer parar a Economia, por outro lado, já não tem grandes ferramentas para controlar a epidemia e isso é um problema.
“Propostas de descentralização como a que foi feita aqui aos microfones da Renascença pelo especialista Manuel Carmo Gomes parecem-me importantes de ter sobre a mesa. Que os municípios pudessem ativar medidas já especificadas parece-me uma boa solução, desde que tivesse coordenação e espaço de decisão, e que os municípios tivessem meios para agir. Parece-me a solução mais ponderada que ouvi até ao momento”, remata o comentador.
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