07 fev, 2022 • Olímpia Mairos
Com o país em estado de seca, e tendo em conta a escassez de recursos hídricos, o comentador d’As Três da Manhã considera que “face aquilo que nós temos instalado como alternativa, talvez tenha sido um bocadinho precipitado encerrar as centrais a carvão”.
“Portugal pode ser um bom exemplo, mas temos custos muito elevados e duplos porque somos um país muito periféricos na União Europeia e temos um problema adicional – é que a Península Ibérica está separada, digamos assim, entre aspas, do centro da Europa, em termos de fluidez da energia elétrica, através dos cabos que possam ligar facilmente aqueles grandes produtores do centro da Europa à Península Ibérica”, explica João Duque.
Entende, por isso, que temos aqui um problema, “um estrangulamento que vai provocar preços de energia que estão muito localizados e que são muito afetados pelas condições especificas”.
Um dos setores mais afetados pela seca que atravessa o país é a agricultura. Em Estrasburgo está, nesta segunda-feira, a ministra da Agricultura que, em entrevista à Renascença, já avançou que vai pedir um reforço das medidas de apoio aos agricultores.
“O setor da agriculta representa 2% do valor acrescentado bruto e praticamente do PIB português e em termos de resiliência foi um setor que se portou bastante bem”, assinala o comentador.
João Duque nota, no entanto, que uma das muitas deficiências do setor prende-se com a “dependência da água e da forma como se gere a água, é o setor que mais consome recursos hídricos e, portanto, aonde melhor pode haver um efeito de uma boa gestão”.
Estando Portugal a debater-se com a falta de chuva, o comentador prevê um agravamento dos custos dos bens alimentares.
E, segundo João Duque, o agravamento pode vir por duas vias: a falta de recursos hídricos e alguma escassez na produção, mas também pelo aumento do custo do transporte e dos combustíveis.