20 jun, 2022 • Olímpia Mairos
Apesar de o Presidente francês ter perdido a maioria absoluta nas últimas eleições legislativas, o comentador d’As Três da Manhã assinala que o resultado eleitoral não está a ser visto “com terror”.
“Podemos olhar as coisas pelo lado mais positivo, e olhando para aquilo que os mercados nos dizem, olhando, por exemplo, para o mercado de ações, até está a subir ligeiramente em França, o que quer dizer que, desse ponto de vista, o custo da incerteza não está a ser profundamente refletido no mercado e, portanto, de alguma maneira, esta situação não está a ser lida como desastrosa”, destaca João Duque.
O comentador observa ainda que “o euro também está a evoluir com alguma estabilidade no dia de hoje de manhã e, portanto, de alguma maneira, de uma forma geral, os investidores estão a olhar para o resultado destas eleições, não de uma forma catastrófica, mas também não é com grande entusiasmo, é certo, mas também não é com terror”.
“Poderia ser muito pior, é verdade, mas é o que temos; temos alguma instabilidade, alguma indecisão e é sobre um país muito importante da Zona do Euro”, realça.
No seu entender, os próximos dias vão ser muito importantes para aferir da estabilidade governativa que se consegue no novo Parlamento.
“O que é fundamental, a meu ver, agora é esperar pelas próximas semanas, para ver como é que o presidente Macron vai conseguir governar com aquele Parlamento, sem maioria absoluta que lhe dá todo o conforto para implementar aquilo que é um programa executivo que ele referendou, digamos assim, nas eleições presidenciais. Até lá, esperemos que não exista nenhum descalabro em termos de evolução das relações políticas e económicas dentro da União Europeia com o exterior, a ponto de pôr mais desequilíbrios”, assinala.
Lembra ainda que o Presidente Macron tem alguma falta de ideologia, porque o que está por debaixo, por trás do movimento macronista, não é propriamente uma ideologia política profundamente assente e madura, é aquela estratégia prática, que o que interessa é governar e pôr o país a mexer por um lado, mas, por outro lado, também não dá grande confiança sobre o que é que pode ser uma orientação e, ao não dar grande confiança, torna mais fácil deslocar os votos e a orientação daquilo que é um rumo governativo”.
Já sobre o descontentamento crónico por parte dos franceses, sempre descontentes com a realidade do país, apesar de a França ser um dos países europeus que tem serviços públicos mais abrangentes que mais benefícios sociais distribui, João Duque assinala que “há uma história de uma luta e de uma reivindicação sempre muito presente na França e, portanto, quem está de fora vê os franceses sempre como grandes paladinos e, na prática, a conseguirem resultados das suas lutas políticas. Por isso, eu explico assim: tradição histórica”.