11 jul, 2023 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O economista João Duque diz que hoje “os jovens são cada vez menos", mas têm que "aguentar cada vez mais”.
Na análise aos dados divulgados pela Pordata, que dão conta do progressivo envelhecimento da população portuguesa, o comentador d’As Três da Manhã diz que “há uma falta de orientação política para este problema, porque é daqueles problemas que não vai rebentar” amanhã, nem o ano que vem e, portanto, “como não é urgente, vai-se adiando”.
Na visão de João Duque, estamos, assim, “cada vez mais próximos de um problema gravíssimo, que vai juntar três problemas” e com “consequências dramáticas”.
Desde logo - diz o comentador - porque “há alteração profunda no comportamento de consumo das pessoas e no comportamento na vida do dia a dia. E estamos a falar de coisas muito simples, como é que as pessoas se movem, como é que vamos fazer o apoio domiciliário destas pessoas, como é que vamos cuidar da saúde delas, e como é que vamos garantir a sua pensão de reforma”.
“Isto vai ser um cocktail explosivo que nós sabemos que vai acontecer e que vai sendo tratado com uns pensos rápidos aqui, ou acolá, mas sem nunca se tratar e enfrentar o problema de uma forma muito radical”, alerta.
Questionado sobre qual seria a forma para enfrentar este problema, o economista entende que passa por “atrair jovens e criar emprego que seja muito produtivo”, isto porque nos próximos 30 anos vamos ter um sobrepeso excessivo de idosos, face aos jovens que estão a trabalhar”.
“Temos aqui um problema gravíssimo, que é como é que estes jovens vão aguentar com os impostos que já têm e o sistema de redistribuição da segurança social, de maneira a manter as pensões com o mínimo de valor que as pessoas que estão neste momento a aposentar-se exigem. E estas pessoas vão sobreviver muito mais tempo do que aquilo que era expectável”, adverte.
O comentador não deixa de assinalar a boa notícia: “As pessoas vão viver mais, vão ter mais tempo para usufruir daquilo que é o benefício das pensões." Contudo, deixa também o alerta de que “os jovens são cada vez menos, a aguentar cada vez mais”.
Favorecer a imigração para garantir o rejuvenescimento da população é outro dos caminhos apontados pelo comentador, atraindo “jovens em idade não só ativa, mas, também, reprodutiva, porque nós estamos a atrair muitos, também idosos, que vêm usufruir daquilo que são as nossas condições de vida, com as suas pensões garantidas pelos sistemas de saúde, portanto, sobrecarregam, assim, o nosso Sistema Nacional de Saúde”.