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“É embaraçoso que o Estado ande a cobrar tantos impostos aos portugueses”

Joao Duque

"Não entendo". João Duque critica cativações na saúde quando há excedente orçamental

13 jul, 2023 • André Rodrigues , Olímpia Mairos


João Duque olha para o corte do Ministério das Finanças às contratações para os hospitais do Serviço Nacional de Saúde e diz não compreender esta decisão do Governo, numa altura em que há excedente orçamental.

Na análise ao corte do Ministério das Finanças às contratações para os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, numa espécie de regresso de cativações ao setor da Saúde, o comentador d’As Três da Manhã diz que “é embaraçoso que o Estado ande a cobrar tantos impostos aos portugueses”.

João Duque refere que “não há memória em Portugal de um ano, do ponto de vista orçamental e fiscal, estar a correr tão bem para quem arrecada impostos”, lembrando que “o melhor ano orçamental, que nós temos memória, é o de 2019 e, na altura, com contas fechadas de maio, nós tínhamos um défice de 600 e picos milhões, e agora, no mesmo período, estamos com excedente de mais de três mil milhões”.

“Não sei como é que vai acabar o ano, mas, se o Estado não gastar, arrisca acabar um ano com um recorde absoluto e um bocadinho embaraçoso. Porque, depois de criticar tanto os lucros excessivos de muitas empresas, nomeadamente a banca, etc., é embaraçoso que o Estado ande a cobrar tantos impostos aos portugueses, depois não retribuindo ou não expressando um fim muito objetivo”, atira.

O economista não entende, por exemplo, “porque é que há dinheiro para umas coisas e não há para outras”.

“Aumentam, por exemplo, pensões, mas não se acodem os serviços de Saúde e, portanto, não se consegue perceber”, sublinha.

Questionado sobre se o aparente silêncio do ministro da Saúde demostra falta de peso político, João Duque dá o benefício da dúvida.

“É possível que seja essa falta, mas ainda dou um benefício ao ministro da Saúde, por estar a tentar organizar o serviço de Saúde. Criou um género de CEO para a Saúde”, diz.

No entanto, o economista diz não compreender “como é que, perante este excedente, não se alivia a carga fiscal de uma forma efetiva para os portugueses”.

“Neste momento, o IRS, comparando com aquilo que foi 2019, mais que duplica. O IVA tem um crescimento absurdo, o IRC não se compara com 2019, portanto, nós estamos com uma arrecadação de impostos absolutamente extraordinária e podia ser feito alguma coisa, também para aliviar os bolsos de alguns portugueses”, completa.

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