17 out, 2023 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
Na análise aos dados da Rede Europeia, conjugados com dados da Pordata, que mostram que um em cada cinco portugueses continua em risco de pobreza, o comentador d’As Três da Manhã mostra-se surpreendido com o “número que corresponde à nossa mediana de crescimento 2022”, quando comparado com 2021.
“Portugal, na União Europeia, foi o único país que desceu e, portanto, nós temos uma passagem de 11.089 para 11.014 euros/ano de rendimento mediano”, assinala o economista.
Para João Duque, “isto é o sinal de uma política que, em termos de política económica global, tem estado a fazer substituir pessoas que podiam ganhar melhor e com mais capacidade e mais potencial para valor acrescentado - e essas saem - por pessoas que vêm com pouca qualificação para trabalhar em postos de trabalho que não permitem muitos rendimentos, porque são muito básicos e não substituídos por, nomeadamente, maquinaria e, portanto, investimento para fazer esse tipo de trabalho”.
Questionado sobre se é o investimento que está a falhar, o comentador da Renascença considera que “Portugal não tem feito um investimento necessário, quer do ponto de vista público quer do ponto de vista privado, suficiente para conseguir fazer aquilo que é dar o salto em produtividade e, portanto, nós temos estes rendimentos - são rendimentos tristes - e que, depois, acarretam este tipo de situação”.
Salvaguardando que não gosta muito deste indicador da taxa de risco de pobreza, “porque é um indicador relativo”, assinala que, “se olharmos Portugal e comparamos com a Suécia, por exemplo, vemos que estamos praticamente no mesmo nível, porque isto mede a percentagem de população que está abaixo de 60% do rendimento mediano”.
“O problema é que o nosso rendimento mediano, como já foi profusamente anunciado aqui na Renascença, é muito baixo”, realça.
A realidade é que quem tem rendimento médio em Portugal está em risco de pobreza, em 11 países da União Europeia.
“Agora, veja-se os nossos habitantes em risco de pobreza em Portugal, é uma desgraça, pobres dos pobres”, lamenta.
João Duque admite que “há alguma recuperação de rendimentos”, sobretudo por grupos etários, com os mais idosos a serem os mais beneficiados, mas, por outro lado, o mesmo esforço não tem sido feito em relação aos mais jovens que têm dificuldade em entrar no mercado de trabalho, a ganhar suficientemente bem e puxar pelo país”, defendendo que “seria nessas classes etárias que deveríamos ter o apoio e o crescimento”.