05 mar, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque não vê que as propostas eleitorais dos diversos partidos sejam irrealistas, mas avisa que “têm que ser aplicadas com cautela”.
O comentador d’As Três da Manhã reage deste mofo à análise feita pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) que indica que a maioria das propostas representa um risco para as contas públicas.
O economista assinala que algumas das propostas são para aplicar ao longo de uma legislatura e, portanto, não é para aplicar de supetão, em 2024, numa alteração ao Orçamento de 2025.
“Devem ser acauteladas as formas de se ir colocando aquilo que são medidas de alteração, não são reformas - essa é uma das críticas da SEDES - de natureza profunda ao nível fiscal, portanto, são pequenos ajustamentos nas taxas, nas deduções, naquilo que que se vai considerando que é relevante para estimular, mas tem custos, tem riscos”, observa.
No seu espaço de comentário na Renascença, João Duque sublinha que do ponto de vista fiscal não há nenhuma proposta que represente uma verdadeira reforma.
“Há uma proposta das grandes propostas, daquelas que nós imaginamos que vão ser muito provavelmente implementadas na sua grande maioria do PS ou da AD, e essas duas apresentam duas características um bocadinho diferentes”, aponta.
“Uma é mais conservadora, a do PS, curiosamente; da esquerda costuma ser mais revolucionária e mais conservadora. A AD é a mais disruptiva porque propõe significativa redução de impostos e, portanto, por essa via, aumentar o rendimento das pessoas. Os dois propõem aumentos dos salários. Agora, esses aumentos de salários, se não forem alicerçados em aumentos de produtividade, avisa a SEDES, têm problemas graves”, exemplifica.
Questionado sobre se há sinais nos programas eleitorais de medidas que promovam a produtividade, João Duque diz que “é só por via do investimento privado”, perspetivando-se “que esse investimento venha a resultar em produtividade até do investimento público”.
“Se não se conseguir isso, o que vai acontecer é que as empresas, para não perderem os seus mercados, vão ter que aproximar o salário mínimo do salário médio, porque todos prometem aumento do salário mínimo muito concretamente e, portanto, se fizerem esse percurso sem aumento de produtividade, o que vai acontecer é que o bolo que há que distribuir em termos de custos de salários vai ter que ser distribuído por mais dos que ganham menos e menos pelos que ganham médio ou mais, é nivelar por baixo”, avisa.
“Esse é o risco de não se aumentar a produtividade. É o grande risco e tem sido um risco que temos estado a sofrer um bocadinho. Temos visto esse aproximar do salário mínimo, salário médio”, completa.