24 set, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo vê a recente dramatização de Luís Montenegro, em relação à aprovação do Orçamento do Estado, como “uma baralhada”.
No Conselho Nacional do PSD, Montenegro mostrou-se indisponível para governar em regime de duodécimos e deixou antever uma crise política, caso o orçamento não seja aprovado.
“É um bocadinho uma baralhada. O Governo quer, claro, governar e implementar as suas medidas. A oposição quer, não querendo. Isto é, o que querem não é aquilo que querem ou que dizem que querem, pura e simplesmente, porque o PS, o que queria era que, na verdade, a AD governasse com o Chega, para ter uma possibilidade de votar contra e ser uma verdadeira oposição. E o Chega a mesma coisa. E, portanto, temos aqui uma quase impossibilidade, mas vamos ver como é que acabamos com este triângulo amoroso ou de bermudas”, assinala o economista.
João Duque não tem dúvidas que “o melhor para o país é ter um orçamento”.
“Se passa ou não por eleições, isso é uma questão de natureza política e que está nas mãos do senhor Presidente da República, em função daquilo que seja o resultado da votação desta proposta de orçamento que vai ao Parlamento”, observa.
Na visão do economista, um orçamento ajustado ao ano que aí vem será, seguramente, melhor do que um orçamento para o passado.
“É um bocadinho imaginar que umas calças para um miúdo de cinco anos servem para um miúdo de seis ou sete”, exemplifica.
“Não faz sentido. Vai ficar qualquer coisa mal. E há uma série de medidas que já foram tomadas, promessas que foram feitas. Ainda ontem foi anunciado o acordo com os enfermeiros. Portanto, há que começar a acomodar nos bolsos, nas diferentes bolsas do orçamento, aquilo que são as despesas que vamos ter que enfrentar para cumprir”, destaca.
Para o professor catedrático, o país pode viver em duodécimos, mas alerta que “não vive é tão bem e de forma tão ajustada àquilo que é a necessidade da economia portuguesa e das finanças públicas”.
“Os anos mudam, os anos passam, o tempo muda e a economia vai mudando um bocadinho, não muda de uma forma abissal, mas muda e, portanto, é melhor ajustar com o orçamento novo”, defende, avisando que “embora não seja dramático” viver em duodécimos”, poderá ser mais dramático o escalonamento, porque divisão em duodécimos pode ser um bocadinho espartana demais na forma como se vai fazendo o dispêndio”.
“Viver com o orçamento anterior global para fazer face ao novo ano não é dramático, não é uma impossibilidade. Nós já vivemos assim. Será melhor de outra maneira e, portanto, a meu ver, seria bom que os partidos conseguissem chegar a uma solução para resolver este problema”, remata.