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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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O crescimento económico em 2019

28 dez, 2018 • Opinião de João Ferreira do Amaral


O ano de 2019 é especialmente incerto. Quase tudo pode acontecer na nossa economia como na economia europeia. E a razão disso é o Brexit.

Muito se fala e especula acerca das projecções do crescimento económico para o ano que vem. Em geral, tal preocupação é positiva porque corresponde a uma oportunidade de discussão de uma questão que verdadeiramente interessa e ultrapassa as palhaçadas inenarráveis e a baixeza dos debates sobre futebol (ou o que passa como tal), os quais escandalosamente ocupam um espaço televisivo digno de melhor sorte.

Mas se a questão é importante, é infelizmente abordada de forma muitas vezes inadequada e irrealista. Assim, gostaria de salientar alguns aspectos que devemos ter em conta quando falamos sobre as previsões de crescimento da nossa economia para 2019.

Em primeiro lugar, o ano de 2019 é especialmente incerto. Quase tudo pode acontecer na nossa economia como na economia europeia. E a razão disso é o Brexit. Haverá acordo? Ou será uma saída sem regras? Se a resposta à segunda questão for afirmativa, teremos quase certamente um forte choque sobre as economias europeias e, possivelmente, o início de uma recessão. Se houver acordo, provavelmente, o efeito do Brexit não será muito pronunciado. Ninguém neste momento pode dizer qual dos caminhos se vai seguir.

Em segundo lugar, a incerteza financeira. As bolsas estão em queda pronunciada desde há alguns dias. Será um comportamento meramente conjuntural? Ou está aí o início de um reajustamento prolongado de valor de activos financeiros após alguns anos de juros baixos? Não sabemos. Ora, os dois cenários correspondem a situações completamente diferentes em termos de crescimento económico.

Finalmente, para 2019 como para qualquer outro ano (ainda que não tão incerto), não faz qualquer sentido discutir previsões à décima. Quando muito - e mesmo assim com boa-vontade - poderemos falar em intervalos de variação de 0,5 pontos percentuais para as taxas de crescimento. Nem as estatísticas disponíveis nem as técnicas de previsão permitem melhor que isto. Por isso, quando vemos comentários ou debates em que se está a discutir uma ou duas décimas das taxas de crescimento e, conforme o caso, se critica ou louva o Governo por isso, estamos a testemunhar uma perda de tempo.

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