Siga-nos no Whatsapp
João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
A+ / A-

​A decadência europeia

27 set, 2019 • Opinião de João Ferreira do Amaral


A razão está nas instituições políticas da União que, desde 1992, com a aprovação do tratado de Maastricht, induziram um brutal processo de centralização política das instituições sem paralelo histórico a não ser nas concepções napoleónicas.

A ideia de que a União Europeia é um oásis, no seu aparente conforto, é das mais perigosas que hoje campeiam em todo o espaço europeu. Tanto mais perigosa quanto, até há uns anos atrás teve alguma coisa de verdade. Efectivamente, sem sermos tão bombásticos, se compararmos as diversas zonas do globo, é inegável que o espaço europeu, em termos de direitos humanos e de protecção social, ainda compara favoravelmente com todos os outros grandes espaços.

O problema não está no presente. Está na dinâmica e portanto no caminho que tem vindo a ser seguido. Existe um processo que não será exagerado caracterizar como de decadência europeia. Se a União compara favoravelmente, a verdade é que é cada vez menos assim. A Europa está a perder terreno e parece ter entrado no caminho de uma quase estagnação continuada.

O processo de decadência tem vindo a verificar-se desde há mais de vinte anos. Curiosamente começou pouco depois da queda do muro de Berlim, que muitos auguraram como o começo de um grande período para a Europa. Não foi, não está ser e tudo leva a crer que, seguindo o mesmo caminho, não irá ser.

A razão desta decadência europeia está nas instituições políticas da União que, desde 1992, com a aprovação do tratado de Maastricht, induziram um brutal processo de centralização política das instituições sem paralelo histórico a não ser nas concepções napoleónicas. Sem surpresa, deu mau resultado e vai dar outro ainda pior se não revertermos o processo.

Apontar para uma União cada vez mais centralizada, como faz o tratado de Lisboa (com o eufemismo “uma união cada vez mais estreita entre os povos da Europa”) foi cair no erro tantas vezes cometido no passado de centralizar o poder em grandes territórios de cultura e história muito diversas. O resultado foi invariavelmente um desastre. Não será diferente se prosseguirmos o caminho que trilhamos desde há mais de vinte anos na União.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Diogo Pinto
    27 set, 2019 Chelas 20:45
    Caro Ferreira do Amaral . Escreverei para si , tendo em conta á sua posição , mas contudo , não o enganarei relativamente ao que penso sobre o seu post , artigo , composição , ou , o que o Senhor lhe chama . Repare , quando fala em centralização está á usar o termo correto , pois o espaço Europeu só é considerado Europa , pois trata-se de uma união de um conjunto de países . Pode entender isto claramente se pensar em países onde não existem confrontos políticos . Como , penso eu , pode constatar , não temos guerras bélicas na Europa . Temos sim países , que por terem autonomia , poder próprio , procuram , face às situações , acontecimentos , que vão acontecendo ao longo do tempo , á procura de soluções para tal . Temos cidadãos que não concordam , temos cidadãos que simplesmente não se importam , mas , e acima de tudo , temos cidadãos e instituições que garantem e autenticam as ordens , leis , incutidas nos países , por os , que á meu ver para si , parecem ser os ditadores . Acho de muito baixo racionalismo , usar o argumento do muro de Berlim . Sendo você uma pessoa com uma posição importante na sociedade , que escreve numa redação com muito crédito e que serve de base de conhecimento e sabedoria para queles que compreendem á língua portuguesa , deveria antes de mais reler um pouco á história . Hitler suicidou-se , calculo que para si , o povo fez justiça ! Bem haja !