03 jan, 2020
Era de esperar.
A saída do Reino Unido da União Europeia veio criar uma situação mais propícia ainda ao reforço do centralismo europeu dirigido pela Alemanha, com parcerias intermitentes com a França e eventualmente com a Itália.
Em geral, o centralismo político e económico é muito impulsionado pela consciencialização da fraqueza face a ameaças externas ou internas, reais ou fantasiadas.
Que a União Europeia tem entrado, desde há uma década atrás, ou seja mesmo antes do Brexit ser anunciado, num processo de enfraquecimento rápido, é inegável. A péssima resposta que deu à crise económica e financeira, a quase estagnação económica que condena a Europa a perder rapidamente a sua aura de dinamismo económico (mais propagandeada do que real, é certo), as grandes divisões internas entre vários blocos mais ou menos definidos e agora o Brexit criam um ambiente de quase pânico a que tenta dar respostas através do reforço do centralismo.
Prosseguir neste caminho será saltar da frigideira para cair no lume. E abreviará a esperança de vida da União.
Infelizmente a proposta que, recentemente, o presidente do Eurogrupo apresentou para a definição do chamado instrumento orçamental para a convergência e competitividade na zona euro foi mais um claro exemplo desta aposta no centralismo ao privilegiar escandalosamente os estados de maior dimensão. Fez bem o primeiro-ministro português em discordar frontalmente da proposta.
Mas não tenhamos ilusões: o caminho do reforço do centralismo em benefício dos Estados de maior dimensão está traçado desde o Tratado de Lisboa, encontra agora uma situação favorável para se reforçar ainda mais e não augura nada de bom para a Europa.