19 jan, 2018
Os sinos choram pelos que souberam viver e pelos que desperdiçaram a vida a pensar que não morreriam.
Choram pelos que acreditaram na vida eterna e pelos que acreditaram que a vida é só um momento.
Os sinos choram pelos que tiveram, e foram, uma família e por todos os que passaram a vida à procura de ter uma, onde pudessem ser.
Choram pelos que, desde o berço ao túmulo, sempre se levantaram e pelos que se arrastaram pelas horas dos seus dias e das suas noites.
Os sinos choram no outono e na primavera, quando as folhas caem e quando as flores se abrem à luz.
Choram por aqueles de quem sentiremos saudade e por aqueles que não deixaram marcas no coração de ninguém.
Os sinos choram e chamam-nos. Fazem estremecer os nossos silêncios e apontam-nos para a verdade.
Choram pelos que amaram e pelos que nunca foram amados. Pelos que triunfaram e pelos que foram esmagados.
Os sinos choram nas brisas suaves que trazem farrapos de memória dos que foram para longe, mas ficaram no fundo de nós.
Choram a todas as horas porque qualquer tempo é tempo de chegar… e de partir.
Os sinos choram sempre que alguém perde ou ganha a sua vida.
Choram…
E sempre que os sinos choram, choram e chamam por nós, chamam bem alto por mim e por ti… Para que nos lembremos de viver antes que outros sinos nos chorem.