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José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
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Não somos iguais… e isso é bom!

16 mar, 2018 • Opinião de José Luís Nunes Martins


Distinguir-me dos outros faz parte da minha essência. Umas vezes serei melhor, outras pior.

Cada pessoa é única. Pode haver semelhanças nas aparências, mas a essência de cada um de nós é singular.

Somos autênticos, mais ainda quando criamos e damos ao mundo novos mundos. Quando arriscamos ser quem podemos ser, à luz dos nossos talentos, desprezando as modas e as influências dos que se esforçam por ser cada vez mais iguais uns aos outros.

Ser único não significa estar fora do mundo e longe dos demais. Implica enriquecer os outros, fazendo parte de obras maiores do que nós, onde encaixam muitos e se valorizam entre si através da construção conjunta de harmonias maiores.

Uma família não é uma estrutura onde a repetição de íntimos seja desejável. Ser família é fomentar a realização plena de cada um, de acordo consigo mesmo, mais do que com qualquer desígnio exterior, por mais nobre que possa ser. O que importa é escolher bem um caminho, construí-lo e percorrê-lo. Com a ajuda de outros e ajudando outros. Mas um caminho novo. Único. Ímpar.

Não somos muito diferentes à partida. E a diferença não decorre daquilo que nos foi dado… antes, sim, do que decidimos e fazemos com aquilo que somos e temos. Com o que nos foi dado, com aquilo que criámos e com o que conquistámos.

A verdade é que importa saber estar sozinho no meio da multidão, nunca deixando de pensar por si próprio. Até mesmo contra todos.

Ser diferente não é ser melhor, é ser diferente. Não é ter mais valor, é ser digno do seu valor. Não é ser um fragmento estranho, é ser, por si só, uma obra completa. Tudo isto, porém, não com orgulho, mas com a humildade própria de quem sabe que o seu valor depende mais de si mesmo do que de qualquer outra coisa.

Ser diferente é uma qualidade, um talento, um dom. O mundo hoje não gosta de quem foge às normas, à ditadura de um bom-senso que nos condena sem perdão, assim ousemos ser quem podemos ser de melhor.

Neste mundo em que vivemos, as excentricidades tendem a ser abolidas. Até porque a originalidade exige que a pensemos sem referências ou comparações e isso obriga a um trabalho maior e, pior ainda, expõe as fraquezas próprias dos que já desistiram de si e apostam em ser apenas mais um do exército cinzento.

Que liberdade é essa de querermos ser todos iguais?

Distinguir-me dos outros faz parte da minha essência. Umas vezes serei melhor, outras pior. Os sucessos e fracassos da minha vida são apenas meus, não são de mais ninguém. São parte da minha história. Razões para eu ser… eu.

A diferença pode ser assombrosa. Mas somos desiguais. Em tudo. E isso é bom! Tão bom!

Comentários
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  • Jorge Neves
    26 set, 2019 Castelo Branco 16:44
    Obrigado pelas suas palavras, sempre tão oportunas e cheias de sentido. Cito-o tantas vezes nas mais diversas ocasiões. Bem haja. Obrigado.
  • Margarida
    19 mar, 2018 lisboa 11:54
    Bom dia Luís Nunes Martins, É sempre um prazer e um reconforto ler o seu texto. Obrigado pelas suas palavras tão verdadeiras e incentivadoras. Margarida Moreira
  • MASQUEGRACINHA
    16 mar, 2018 TERRADOMEIO 17:43
    (...) "Sentimento cruel de quem se afasta, / Por orgulho repele, e se desgasta / No esforço de fugir à multidão. // Mas castigo de quem, por imprudente, / Já não pode deter-se na vertente / Que vai da liberdade à solidão." (Reinaldo Ferreira, in "Poemas")