26 abr, 2018
Alfie, um bebé inglês sofre de uma doença rara e degenerativa, cuja evolução se tornou conhecida internacionalmente, e Itália deu-lhe cidadania, para que pudesse receber tratamento em Roma.
Contra a vontade dos pais, os tribunais ingleses recusaram; e os médicos desligaram as máquinas, dando-lhe então poucos minutos de vida. Mas Alfie continuou a respirar. Não morreu. Surpreendidos, os médicos ingleses voltaram a oxigenar e a hidratar a criança.
Este caso vem confirmar que a fronteira entre a vida e a morte é um patamar que nenhum homem controla.
Por cá, num diploma das chamadas ‘barrigas de aluguer’, o tribunal constitucional veio classificar algumas normas como inconstitucionais, designadamente as que impõem o anonimato das doações genéticas. Anonimato que proíbe as crianças assim nascidas, de conhecerem a sua identidade genética. Dito de outro modo, de conhecerem os seus pais biológicos.
A ânsia do homem em manipular a natureza está também na origem da lei que pretende entregar a um adolescente de 16 anos a decisão de alterar o respetivo sexo.
Ainda que precisassem da autorização dos pais, estaria a permitir-se aos adolescentes - que por exemplo não podem votar nem conduzir – o poder de tomarem decisões radicais sobre a respetiva sexualidade.
A questão da eutanásia também merece reflexão.
Em nome da alegada recusa do sofrimento, eis de novo o princípio segundo o qual o homem pode e consegue decidir quem vive e quem morre.
Transformando médicos em agentes da morte; e dispensando o Estado de investir a fundo nos cuidados paliativos que garantam a todos uma morte digna.
O homem não é capaz de controlar todas as variáveis e todas as circunstâncias da vida e da morte.
O apetite humano pelo controle total é uma total ilusão. E é uma ilusão perigosa.