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Avós: ser Pai e Mãe de novo

26 jul, 2018 • Opinião de Nota de Abertura


Celebrar o dia dos Avós é também sermos capazes de nos questionarmos sobre a qualidade de vida nos lares de idosos, sobre o abandono dos mais velhos nos hospitais, sobre a violência doméstica que continua a marcar os dias de tantos avós.

Esquecem dores antigas e sorriem encantados quando sobem escadas de mão dada com um neto. Deixam medicamentos na farmácia, porque é preciso ajudar nas despesas de casa de um filho. Procuram férias em que todos possam estar juntos, sejam filhos, netos, amigos ou namoradas. Tiram fotografias felizes, quando uma neta termina o seu curso. São avós.

Sabem os nomes de tantos que já partiram, contam histórias únicas, entendem o presente, porque viveram o passado. Possuem as memórias de cada família, partilham receitas antigas e dão lições de sabedoria. São avós.

Uma condição única, um ser Pai e Mãe de novo, mas de uma forma diferente. A generosidade, a gratuidade, o espírito de sacrifício, são marcas distintivas desta condição de Avós, que desconhece geografias e condições sociais.

Celebrar o dia dos Avós é celebrar toda esta riqueza e diversidade de vidas, que são passado, presente e construção de futuro.

Mas celebrar o dia dos Avós é também sermos capazes de nos questionarmos sobre a qualidade de vida nos lares de idosos, sobre o abandono dos mais velhos nos hospitais, sobre a violência doméstica que continua a marcar os dias de tantos avós.

Porque só quando somos capazes de questionar o que está errado na sociedade em que vivemos, é que poderemos verdadeiramente celebrar o bom e o belo, que não deixa de acontecer à nossa volta.

Comentários
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  • João Lopes
    27 jul, 2018 Viseu 19:56
    Excelente artigo!
  • MASQUEGRACINHA
    26 jul, 2018 TERRADOMEIO 20:06
    Diria até, artigo bem mais excelente do que o do ano passado sobre o mesmo tema. Mas não basta apenas questionar o que está errado na sociedade em que vivemos, pois não? É que questionar, afinal, questionamos todos, passamos a vida nisso, a questionar primeiro e a celebrar a seguir. Incapazes de agir, de transformar, aplacamos a consciência com o questionamento e seguimos para o carpe diem... dos avós, no caso. Um destes dias vamos acordar e perceber que ser velho deixou, definitivamente, de estar incluído no bom e no belo que não deixa de acontecer à nossa volta, para passar a assumir o seu verdadeiro carácter de fatalismo mau, feio, socialmente inútil e sorvedouro de dinheiro - quer dizer, para a legião dos velhos pobres, que aos outros, happy few, ninguém bate para lhes sacar o vale da reforma, nem abandona nos hospitais, nem frequentam depósitos infames de idosos. O que até é lógico, afinal se não viveram a vida activa como os outros, porque haveriam de envelhecer como os outros? O questionamento, a acção, a transformação que falta fazer, é sobre a maneira como se vive, não como se envelhece. Por este caminho, ser velho passará também a ser um artigo de luxo, como as latinhas de caviar topo-de-gama e as sanitas inteligentes...
  • João Lopes
    26 jul, 2018 Viseu 09:58
    Excelente artigo!