26 jan, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
Dois aviões da Forças Aérea carregados de agentes da Polícia Judiciária aterraram na Madeira esta quarta-feira, 24 de janeiro. “Parecia quase o desembarque na Normandia”, ironiza Luís Marques, no programa Novas Crónicas da Idade Mídia.
Vários jornalistas viajaram para o Funchal na véspera, as rádios e televisões, logo desde a manhã de quarta-feira noticiavam a detenção de Pedro Calado, Presidente da Câmara e dois gestores do grupo AFA, Álvaro Farinha e Caldeira Costa, estes detidos no Continente.
Os três inquéritos instruídos pelo DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal), com indícios pesados que vão da corrupção ao atentado ao Estado de Direito, visam também Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional.
Uma bomba que estilhaçou completamente com a agenda mediática do dia, engolindo designadamente a apresentação do programa económico do PSD. Uma "bernarda" com impacto direto na estratégia do social-democrata.
A avaliar pela profusa cobertura das rádios, televisões e jornais da Convenção que a AD reuniu no Estoril, o lastro que se imaginava foi interrompido brutalmente pela "bernarda" da Madeira.
Montenegro saiu entusiasmado do Estoril, visivelmente confortado com o apoio público de Paulo Portas, viu-se embaraçado com os acontecimentos na ilha, onde o PSD governa há 50 anos. Já ninguém se lembra da contradição de Nuno Melo sobre a viabilização de um governo socialista, em caso de vitória do PS nas legislativas. Ventura capitaliza, mais uma vez.
António Costa reagiu de forma contundente, também no Público, ao texto de Ana Sá Lopes, no domingo, 21 janeiro. No essencial, a jornalista diz que Costa instruiu a defesa da TAP no processo de contestação ao pedido de indemnização da ex-presidente da empresa para atacar Pedro Nuno Santos. “Se fosse uma ‘vingança’ de António Costa…a coisa era capaz de não sair tão perfeita”, escreve Ana Sá Lopes. Costa considera o texto “infame e infamante”.
Num momento de grande perturbação nos Media e de dificuldades mais complexas do que é habitual no sector, o 5º Congresso dos Jornalistas reuniu quase seis centenas de profissionais que, para lá das conclusões do encontro, aprovaram, por unanimidade, mandatar o Sindicato para convocar uma greve geral, em solidariedade com os trabalhadores da Global Media.
No suplemento ao episódio de hoje, o cartaz do IKEA, o aumento do IVA sobre o vinho para criar um Fundo de apoio aos jornalistas e uma pergunta: porque é que os jornalistas tratam Pedro Nuno Santos por Pedro Nuno e não tratam Montenegro por Luís Filipe?