16 fev, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
Dois aviões da Força Aérea, centena e meia de investigadores e outros funcionários, 50 automóveis, dezenas de buscas, levaram à detenção de 3 arguidos. 21 dias depois, o juiz de instrução do processo mandou-os para casa com termo de identidade e residência (TIR). Parece que a Sra. Procuradora-Geral da República deve uma explicação ao país. Antes desta decisão do juiz de instrução, dois antigos Procuradores-Gerais em declarações à Renascença, haviam pedido um esclarecimento “cabal e urgente” sobre a operação na Madeira. Agora são cidadãos de diferentes quadrantes e atividades a clamar pelo mesmo. O tema vai contaminar a campanha.
Afinal, os debates podem ter mais do que 30 minutos? Até agora, três confrontos tiveram 40 minutos ou quase. Sempre com André Ventura. O atual modelo foi negociado entre as três televisões e os concorrentes às eleições de 10 de Março. O não cumprimento rigoroso, em alguns debates, do tempo combinado previamente, prejudica objetivamente os candidatos que não estiveram envolvidos nesses encontros. Que já manifestaram o seu descontentamento junto da Comissão Nacional de Eleições.
Veremos o que a campanha eleitoral nos reserva, mas a avaliar pelos debates os candidatos têm em grande medida evitado os temas que os portugueses querem ver discutidos: educação, saúde, habitação, justiça. Pouco se têm arriscado no território da imigração; praticamente nenhum toca na política internacional, seja nas duas guerras em que o Mundo está envolvido, seja na notória debilidade física de Biden ou no anunciado cancro de Carlos III, tão pouco nas declarações, no mínimo insensatas, de Trump sobre a NATO e a presença americana na Europa. A sondagem desta quarta-feira, 14, aponta para um pouco mais de 12% de indecisos. Serão os comentadores que se apresentam a seguir aos debates, nas três televisões de notícias, que vão acabar por decidir os indecisos?
Esta quinta-feira, mais uma manifestação de polícias, desta vez nas fronteiras dos aeroportos nacionais. Episódio inédito: o Ministro da Administração Interna chamou os sindicatos e os sindicatos não aceitaram deslocar-se à Praça do Comércio. O tema era a discussão dos “gratificados” e os polícias entendem que querem discutir salários e suplementos e que a iniciativa do Ministro era mais uma ação de campanha do partido do Governo.
A imprensa tem um problema adicional, a juntar às dificuldades conhecidas. A Vasp, a única distribuidora nacional, não consegue colocar jornais e revistas em todo o país. Postos de distribuição e quiosques fecham ao domingo; há 4 municípios onde não há sequer postos de venda; 20 concelhos onde existe apenas um. Como é que se garante a sustentabilidade económica de um distribuidor que dispõe de cada vez menos postos de venda?
Pinto Balsemão, em declarações ao Expresso, é claro: “A Vasp tem um papel preponderante na preservação da pluralidade dos meios de comunicação social”. Acrescem aqui os riscos da concentração da empresa nas mãos de um único acionista. O Conselho Geral Independente (CGI), órgão criado para tutelar a gestão da RTP, decidiu convidar o atual presidente do Conselho de Administração, Nicolau Santos, para mais um mandato. Embora a legislação não o obrigue, o CGI, no final do mandato da equipa anterior, decidiu abrir um concurso público para o efeito. Agora fez “um ajuste direto”, diz a Comissão de Trabalhadores, em comunicado.
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, os autores manifestam inquietação com a alteração dos títulos de algumas profissões e atividades, designadamente os coveiros que são agora “técnicos de profundidade”; com a “viagem” de um quadro de Domingos Sequeira que Portugal tenta agora recuperar; e com um estudo publicado nos franceses Le Monde e Libération que revela que para a maioria dos franceses o amor, afinal, é estimulado por uma boa zaragata.