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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes socais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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Montenegro vítima de fogo amigo, especializou-se a apagar incêndios
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Montenegro, vítima de fogo amigo, especializou-se a apagar incêndios

01 mar, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


O arranque da campanha eleitoral ficou marcado por dois factos que ocuparam boa parte do debate político: declarações de José Luís Carneiro, sobre alegadas conversações secretas à direita, e de Pedro Passos Coelho, que relacionou imigração com insegurança.

Ainda os debates, os últimos para as eleições legislativas. O encontro que a RTP promoveu entre todos os candidatos na Universidade Nova, em Carcavelos, foi interrompido pela invasão do estúdio por um ativista climático. Apesar de se tratar de um ato inédito, os Media não deram relevo significativo ao acontecimento.

André Ventura, numa atitude deselegante, para dizer o mínimo, não compareceu ao Debate da Rádio. A justificação foi um almoço, no norte do país, com quadros do partido dele. As televisões mostraram-no num hotel a dançar com a sua mandatária nestas eleições. Certamente depois da reunião de quadros. Ainda bem para o debate e para a Rádio.

O arranque da campanha eleitoral ficou marcado por dois factos que ocuparam boa parte do debate político: José Luís Carneiro, no comício de estreia do PS, em Matosinhos, disse o que não devia: “há conversações secretas entre o PSD e o Chega”. Uma mentirola, inesperada, surpreendente mesmo, dita por quem havia ganho a reputação de sensato e cortês.

No tiro de partida da AD, em Faro, Passos Coelho conseguiu juntar o Carmo e a Trindade e fazê-los cair. A passagem do discurso em que diz que Portugal tem de receber imigrantes, mas é preciso ter atenção às questões de segurança, provocou um luxuriante cortejo de reações. Luís Montenegro teve de vir a terreiro reafirmar o programa eleitoral da AD e a posição do PSD sobre o tema.

De resto, nesta primeira semana, o chefe social-democrata não tem feito outra coisa que não seja apagar fogos: primeiro, Passos Coelho; logo no dia seguinte, Paulo Núncio, vice-presidente do CDS, que se lembrou de trazer para a discussão pública a eventualidade de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez. Um tema que já não é tema, que está definitivamente arrumado e que o vice-presidente do CDS ressuscitou, sem propósito e com prejuízo evidente para a AD.

A berraria que se instalou foi tremenda. Luís Montenegro, já com provas dadas a extinguir fogo amigo, veio a público, mais uma vez, desfazer o que foi feito. Depois do “não é não”, a propósito do Chega, Montenegro tem passado a vida nisto e ainda lhe sobrou tempo para reagir de forma exemplar, quando foi vítima de um ataque inaceitável com tinta, por parte de um jovem ativista do clima. Esta ação, condenada por todos os partidos, da esquerda à direita, este tipo de ações, não podem ficar sem castigo.

As televisões continuam a fazer desfilar analistas e comentadores, os mais variados, com atribuição de notas aos candidatos pelo desempenho deles em cada um dos dias de campanha.

Os canais de notícias têm registado alguns ganhos de audiência com a opção. A SIC Notícias tem aparecido mais ágil do que antes e terá beneficiado desse trunfo para recuperar a liderança dos canais de notícias, que havia perdido para a CNN Portugal. Os candidatos têm feito um tour pelos programas do daytime, como se tornou habitual. Mariana Mortágua foi à TVI cozinhar e, dizem-nos, é uma cozinheira de mão cheia; Ventura apareceu na SIC e o país ficou a saber que ele não sabe andar de bicicleta. Esperemos que saiba nadar.

A estratégia de todos os candidatos é aparecer na televisão. A Rua serve apenas de pretexto para atrair a televisão. O Chega leva essa opção até às últimas consequências. Fará apenas três ações de rua. O resto dos dias passá-los-á em recintos fechados com os “seus”, como explica o partido.

A guerra da Ucrânia continua fora da campanha. Mesmo depois de Macron se ter excedido em declarações públicas sobre a presença no terreno de homens dos países da NATO; e de Putin ter reafirmado que a Rússia não hesitará em usar o nuclear se for vítima de agressão pelas forças da NATO. Nem mesmo depois destas declarações gravíssimas de todos os pontos de vista, os dirigentes políticos portugueses, candidatos às eleições, balbuciaram o que quer que seja. Os eleitores agradeceriam, certamente.

Em suplemento ao programa, nos “Grandes Enigmas”, para que serve o CDS? A RTP não se lembrou que os candidatos devem abster-se de intervenções nos Media fora do âmbito da sua atividade política como, de resto, o fizeram todos os que são candidatos a deputados? Escapou-lhes Rui Tavares. Uma viagem às Urgências pode custar 100 euros. Mais de metade (60%) em parque de estacionamento. Quais são os critérios de gestão que suportam a definição dos preços do estacionamento no Parque do Hospital de Santa Maria, em Lisboa?

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