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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​A novela do Oçamento de Estado

Novas Crónicas da Idade Mídia

​A novela do Orçamento de Estado

04 out, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


O triplo homicídio na Penha de França, o plano do Governo para a Comunicação Social, a imigração em Portugal, a novela do Orçamento de Estado e a proposta "irrecusável" de Montenegro são alguns dos temas das Novas Crónicas da Idade mídia desta semana.

O triplo homicídio na Penha de França, em Lisboa, um bairro sem histórias relevantes de violência no espaço público, ocupou esta semana a atenção dos Media, designadamente das televisões. Os motivos para o crime pareciam fúteis para dizer o mínimo: um homem não quis esperar na fila para cortar o cabelo e matou o barbeiro, proprietário do estabelecimento. A seguir, baleou mortalmente outras duas pessoas porque o viram assassinar o barbeiro. A edição em papel do CM (3) ainda trazia esta história ingénua, também para dizer o mínimo. Nessa mesma noite, dois automóveis, supostamente propriedade do autor do crime, foram incendiados. A PJ já veio explicar que se tratou de um ajuste de contas entre redes de droga. Devem os Media mostrar o rosto do alegado criminoso?

O Governo português terá o plano para os Media pronto até ao final do ano. Sanchez, o primeiro-ministro espanhol, apressou-se a transpor as diretivas da União Europeia e a apresentar no Parlamento um plano para a Comunicação Social em que se destacam, entre outras intenções, o escrutínio mais apertado dos proprietários dos Media ou a introdução de indemnizações aos lesados por notícias que venham a ser desmentidas. A oposição do PP denunciou a urgência do chefe do Governo, relacionando-a diretamente com os casos que envolvem a mulher, o irmão e ele próprio, a que os Media têm dado relevo. Qual é a pressa?

A imprensa, a rádio e a televisão têm tratado com grande equilíbrio a questão cada vez mais sensível da imigração. Sem ignorarem a manifestação convocada pelo Chega (29) contra “a imigração descontrolada e a insegurança”, Público e TVI anteciparam a passeata do Dr. Ventura, desmontando boa parte da sua narrativa, explicando que sem imigração alguns sectores da atividade económica param; a contribuição destes trabalhadores para a Segurança Social tem vindo a aumentar de forma exponencial (v.g. a comunidade indiana paga mais do que recebe); não há nenhuma evidência que permita relacionar imigração com insegurança. Saúda-se a missão cívica, que também compete ao jornalismo.

Aparentemente a novela sobre a viabilização do OE (Orçamento de Estado) terá ainda mais episódios, até ao dia da votação na generalidade. Por agora, já houve reuniões secretas em S. Bento, que vieram nos jornais; reuniões anunciadas entre o chefe do Governo e o líder do maior partido da oposição que não produziram conclusões substantivas.
A avaliar pelo comportamento dos dois líderes partidários após o encontro desta quinta-feira (3), a proposta “irrecusável” de Montenegro para levar o PS a viabilizar o OE2025, é mesmo irrecusável. O Presidente terá respirado de alívio perante a comunicação ao país do primeiro-ministro e o silêncio absoluto do chefe socialista.
Até à votação na generalidade do OE tudo pode acontecer, para qualquer dos lados. A verdade é que Pedro Nuno Santos tem agora mais dificuldades em ficar de fora. Esta “aproximação” entre os dois maiores partidos, anula o papel que o Chega pretendia ter na discussão do documento. Mas, como diz Marcelo, “até ao lavar dos cestos é vindima”.

António Guterres comprometeu mais uma vez a capacidade de mediação da ONU no conflito no Médio Oriente, se é que alguma a teve, ao não condenar de imediato o ataque do Irão a Israel, em retaliação pelo assassínio de Nasrallah, chefe do Hezbollah, e pela invasão do sul do Líbano por tropas de Telavive.

Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados, está em Lisboa para convencer Portugal a reconsiderar a posição em relação a Israel (Público, 2). Reconsiderar quer dizer: reconhecer o Estado da Palestina e reequacionar as relações com Israel. Diz Albanese: “As pessoas estão a ver o que querem acreditar, e não a acreditar no que vêm” em Gaza. O que as pessoas também viram foi funcionários da ONU a trabalharem para o Hamas.

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas e outras histórias, que tipo de credibilidade quer o Chega criar quando se associa a vídeos falsos? As notícias sobre a EFACEC, que afinal vai custar 560 milhões, mais os 200 milhões que a Azul exige à TAP não podiam ser aplicados em verdadeiras necessidades nacionais? O relatório do Tribunal de contas sobre a EFACEC é contundente. Se a gestão danosa das empresas é um crime, punido com prisão, porque é que não se alarga o âmbito da Lei aos atos do Governo que envolvem empresas? E as contas públicas? Estão mesmo melhores ou é a calculadora do ministro Sarmento que é temperamental?

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