18 abr, 2017 • André Rodrigues
Não há mesmo volta a dar. Por mais que tentemos afastar os nossos filhos do tablet, do telemóvel ou da televisão, a verdade é que nós mesmos somos pais digitais, habitamos lares digitais.
94% das crianças vêem televisão diariamente. Mais de hora e meia nos dias de escola, porque ao fim de semana chega a ser mais. Porque não há casa portuguesa onde não haja pelo menos um televisor. E também não há praticamente nenhuma casa portuguesa onde não haja pelo menos um telemóvel.
Em cada 10 lares, sete têm computador portátil e tablet, na maior parte dos casos em espaços comuns. Logo, ao alcance dos mais pequenos, isto quando não lhes pertencem.
E mesmo que não sejam deles, os miúdos facilmente se apropriam destas ferramentas tecnológicas. E os pais favorecem essa adesão. Porque, enquanto estão ocupados a fazer o jantar, a pôr a mesa, a trabalhar, ou, então em lazer, quando estão eles mesmos a consumir conteúdos digitais, o tablet acaba por ser a babysitter da casa. Ou a televisão personalizada e portátil, mesmo ali coladinha ao nariz enquanto, mecanicamente, o pai ou a mãe vão dando uma colher de sopa atrás da outra.
São sinais dos tempos que os números confirmam: 38% das crianças acedem à internet e, em mais de metade dos casos, o tablet é o equipamento mais utilizado para esse fim, sobretudo para ver desenhos animados e jogar.
Porque o Facebook e outras redes sociais não são para crianças dos três aos oito anos. Pelo menos assim recomenda o bom senso, e assim pensa a maioria dos pais.
Assim como em relação aos conteúdos televisivos. Tudo o que meta violência, linguagem imprópria ou nudez é motivo de preocupação. Quatro em cada cinco pais e mães dizem que vêem televisão com os miúdos, sobretudo desenhos animados e programas infantis. Mas também novelas, telejornais ou reality shows.
No entanto, o estudo da ERC revela que 21% das crianças vêem televisão sozinhas, sem qualquer tipo de acompanhamento parental.