11 jul, 2017 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
De acordo com o Observatório Venezuelano da Saúde, um terço dos cidadãos da Venezuela come duas ou até menos refeições por dia. São quase 10 milhões de pessoas nesta situação. É quase tanto como Portugal inteiro.
Em cinco famílias venezuelanas, há quatro que vivem actualmente em situação de pobreza. E 93% dos venezuelanos reconhecem que os rendimentos não chegam para cobrir as necessidades alimentares.
E é essa situação de carência sentida pela esmagadora maioria que faz com que os venezuelanos sintam que já não há nada a perder. E se a culpa é do regime, então a rua é o palco para contestar Nicolas Maduro.
Mas a rua é hostil para quem se opõe ao presidente que sucedeu a Hugo Chávez. A Venezuela tem assistido a dias, semanas e meses de contestação. Tem sido assim desde Abril. 100 dias de protesto já provocaram perto de uma centena de mortos.
Esta instabilidade dificulta a vida de quem escolheu o país para procurar um futuro melhor. Portugueses na Venezuela são 500 mil. Pelo menos, eram. Porque cerca de quatro mil optaram por regressar. A maioria à ilha da Madeira.
Querem escapar ao futuro que não se afigura risonho.
No país do petróleo, o El Dorado que prometia uma vida próspera e desafogada a milhares de estrangeiros é hoje um território de 30 milhões onde falta comida, onde escasseiam os medicamentos. E onde as tensões sociais fizeram agravar as desigualdades e com isso também os índices de criminalidade.
Segundo dados de 2016, que são os mais recentes, a Venezuela é vice-campeã mundial da violência: mais de 21 mil e 700 homicidios. Cerca de cinco mil praticados por elementos das forças policiais.