21 mar, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Um imposto pode não ser só ir à carteira do contribuinte sem mais nada. No discurso oficial todos têm justificação. Ainda que, por vezes, duvidosa.
Mas no caso do imposto aplicado às bebidas açucaradas em 2017, o impacto revelou-se bastante positivo para a saúde dos portugueses.
O estudo que analisa os impactos do chamado 'Imposto Coca-Cola' indica que os portugueses consumiram menos 5.630 toneladas de açúcar em 2017. E a Autoridade Tributária justifica esta vitória sobre o açúcar com uma redução de quase 50% no consumo de bebidas que apresentam teor igual ou superior a 80 gramas por litro.
Há exemplos que são demasiado ilustrativos do mal que, por vezes, fazemos a nós mesmos: uma lata de 33 centilitros do refrigerante mais conhecido à escala global contem 35 gramas de açúcar, que correspondem a cinco pacotes de açúcar para adicionar ao café.
O mais recente Inquérito Alimentar e de Atividade Física da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foi feito entre outubro de 2015 e setembro de 2016 e teve por base uma amostra de 6.553 cidadãos entre os três meses e os 84 anos. E diz que um em cada seis portugueses ingere pelo menos um refrigerante por dia.
Sendo que, no grupo dos adolescentes, a prevalência sobe para um refrigerante por cada dois em cinco.
Mais preocupante, talvez, é que a quase totalidade da população portuguesa apresenta um consumo médio de açúcar superior ao limite diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Por outro lado, continuamos aquém dos 400 gramas diários de frutas e legumes recomendados pela OMS.
Estamos mesmo a precisar de mudar o nosso estilo de vida. Quase seis milhões de portugueses têm excesso de peso. Um problema que afeta oito em cada 10 idosos.
E apenas dois em cada cinco cidadãos apresentam prática regular de exercício físico.